Saturday, April 27, 2024

Os Protestos da Columbia U - 28/04/2024

 

Não há nada de novo sobre protestos de estudantes universitários, reivindicando uma coisa ou outra, especialmente nos Estados Unidos.

Há cinquenta e quatro anos, no mês que vem, membros da Guarda Nacional foram chamados no campus da Universidade Estadual de Kent, no estado de Ohio, em resposta aos protestos estudantis contra a Guerra do Vietnã. O presidente Richard M. Nixon tinha vencido as eleições em 1968, em parte devido à sua promessa de pôr fim ao conflito; no final de abril de 1970, porém, ele anunciou que iria expandir a guerra invadindo o Camboja.

Nessa altura, mais de 1.5 milhão de jovens já tinham sido convocados para o serviço militar e quase 50 mil tinham morrido na guerra. Em Kent, os protestos explodiram levando ao vandalismo e prontificando o governador James Rhodes a enviar tropas da Guarda Nacional para restaurar a ordem. Em 4 de maio os manifestantes recusaram a ordem de dispersão, e alguns atiraram pedras nas tropas. Foi aí que alguns membros da Guarda Nacional dispararam contra os manifestantes matando quatro. Na época, a opinião geral sobre a situação era menos simpática aos manifestantes. Uma pesquisa realizada após o tiroteio revelou que a maioria dos entrevistados culpou os alunos. Somente 10% culpou a Guarda Nacional.

O historiador Michael Oren explicou que “após o seu fracasso inicial” nas décadas de 60-70, estes movimentos entraram no ambiente acadêmico, promovendo ideologias anti-establishment ao longo de décadas. Eles passaram 50 anos incutindo suas ideias anti-establishment em estudantes e professores como cavalos de Tróia para o antissemitismo.”

Esta mudança afetou notavelmente disciplinas como os Estudos Americanos, que se tornaram claramente antiamericanas. Até acadêmicos judeus foram convencidos a aderir ao coro anti-Israel, não reconhecendo as consequências negativas potenciais para si próprios.

É interessante considerar isso neste momento, dados os protestos anti-Israel na Universidade Columbia, em Nova Iorque e em outros 40 campus universitários. Mas a Columbia, uma das mais prestigiosas universidades, e sediada em Nova Iorque, o estado com mais judeus nos Estados Unidos, também está ficando conhecida como o maior antro de incidentes antissemitas.

 

O problema que vemos hoje, é que os protestos estudantis estão substancialmente mais violentos e procuram ferir a liberdade de outros estudantes e professores com base em sua fé, numa posição racista, fascista, e promotora de guerra absurdamente em nome da paz!!! Em 17 de abril último, estes estudantes pró-palestinos da Columbia montaram um Acampamento de Solidariedade de Gaza, exigindo que a universidade boicotasse e desinvestisse de Israel. Apontando para estudantes judeus, eles gritavam: nunca esqueçam o 7 de outubro! Ele irá acontecer não uma só vez, não 5 vezes, não mil vezes, mas dez mil vezes. O 7 de outubro será todos os dias para vocês”. Eles também gritaram: “Não queremos sionistas aqui”. Outros “nós somos Hamas”.

 

Na Universidade do Sul da Califórnia, estudantes arrancaram mezuzot dos quartos dos judeus no campus. Na Universidade de Yale eles roubaram bloquearam, empurraram e atacaram estudantes judeus durante um protesto. Na Universidade Loyola, estudantes de direito interromperam uma palestra com um soldado do exército de Israel. Os manifestantes assediaram os judeus e gritaram: “Dêem o fora daqui todos vocês, pequenos judeus miseráveis”, e ergueram as mãos manchadas de vermelho, lembrando os palestinos que levantaram nas janelas, suas mãos cheias de sangue de dois israelenses que entraram em Ramallah em 2000 por engano.

As universidades estão caindo nas mãos de simpatizantes do terrorismo e estabelecendo um precedente terrível ao mostrar aos estudantes que a violência, o assédio e o antissemitismo podem existir no campus sem consequências. O que está acontecendo nas ruas da América, nas universidades de elite e nas empresas de tecnologia e mídia social está atingindo um ponto de ebulição, e nós, do povo judeu, já sabemos como isto acaba para nós.

Não é preciso dizer que o atual clima nos campuses se tornou intolerável, inaceitável e extremamente perigoso, impactando os judeus. A última vez que isso ocorreu foi na Alemanha, na década de 30. À época, o país mais moderno, mais científico e iluminado da Europa. Na Alemanha nazista a política vinha do governo. Aqui, a culpa está claramente com os administradores das universidades por não terem assumido desde o começo, uma posição mais firme.

Não é possível que eles não tenham visto que estes protestos não foram expressões espontâneas, mas foram altamente coordenados e financiados. Apenas um ou dois dias depois do massacre, passeatas gigantes nas maiores capitais surgiram como do nada, defendendo as indefensáveis ações do Hamas.

E sua origem é bem conhecida. Incapazes de derrotar Israel militarmente, os árabes recorreram ao poder do dinheiro, financiando acadêmicos para desafiar Israel. Governos árabes e empresas de petróleo reconheceram que ao doarem milhões para universidades americanas e outras instituições para promover “estudos do Oriente Médio” para universitários e estudantes de escolas secundárias com o viés anti-Israel, seria só uma questão de tempo para que a semente antissemita crescesse e se manifestasse como está ocorrendo agora.

Essas contribuições influenciaram imediatamente o currículo, perpetuando as percepções negativas dos judeus entre jovens estudantes.

O que precisamos agora, é de uma mão mais firme dos administradores que podem usar o poder da graduação e expulsão se os estudantes não voltarem às aulas. Mas acho difícil isso vir da presidente da Columbia, a egípcia Nemat Shafik. Deve também haver uma investigação do FBI porque além do financiamento estrangeiro, vemos claramente a presença de estranhos, de não-estudantes nos campuses, gritando slogans e incitando à violência.

Enquanto falo aqui hoje, estudantes, professores e funcionários judeus não podem entrar na Columbia. A liberdade de expressão tem limites, especialmente quando ela incita à violência e apoia o terrorismo, que, aliás, é ilegal na América.

Mais do que nunca nos provam que não podemos contar com ninguém além de nós mesmos, e é por isso que 95% da comunidade judaica é sionista. Nova York é a cidade com o maior número de judeus fora de Israel. Quando as universidades, o governo e as autoridades policiais não conseguem protegê-los, é hora de considerar um plano B.

Lamentavelmente, o que o mundo não consegue ver é que isso tudo é parte de um plano maior, um plano que parece nunca querer morrer, para destruir o ocidente e seus valores judaico-cristãos. Estes manifestantes acham muito progressista defender grupos que promovem uma ideologia que os deixaria eles próprios, horrorizados.

Sempre coço a cabeça ao ver representantes do LGBTQ+ cantando para libertar a Palestina, onde eles são jogados de prédios e assassinados. Eles são os ingênuos que podem ser usados e descartados. Eles não leem a história, não sabem de que Rio ou de que Mar estão falando e nunca aprenderam que o que começa com os judeus, nunca termina com os judeus.

Embora hoje tenhamos a sorte de ter Israel as atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de outubro, estão mostrando que todo o ocidente está em perigo. E então lembro das palavras do Pastor Martin Niemoller que num poema escrito em 1946 ele disse “"Primeiro eles vieram atrás dos socialistas, e eu não falei nada – porque não era socialista. Depois eles vieram atrás dos sindicalistas, e eu não falei nada – porque não era sindicalista. Depois eles vieram atrás dos judeus, e eu não falei nada – porque eu não era judeu. Então eles vieram atrás de mim – e não sobrou ninguém para falar por mim”.

Saturday, April 20, 2024

Um Pessach Kasher e Menos Sameach - 21/4/2024

 

Quase meio século depois de terem sequestrado a Pérsia, os aiatolás do Irã finalmente atacaram Israel diretamente, em vez de usar seus lacaios. E não foi qualquer ataque. Centenas de drones e misseis balísticos além de mais de 30 mísseis de cruzeiro.

Este tremendo ataque, desenhado para causar o maior dano a Israel e seus cidadãos, foi um ato inédito, não só do lado do Irã, mas do lado árabe. Até a Jordânia, que não morre de amores por Israel, se uniu ao Estado Judeu para abater estes misseis. O resultado foi a interceptação de 99.9% dos mísseis e drones. 

Estando no Oriente Médio, Israel não poderia ter deixado tal agressão sem resposta. E ela veio esta semana. Israel não causou danos maiores mas mostrou ao Irã que podia neutralizar seu sistema antiaéreo avançado que comprou da Russia, o S-300, deixando a República Islâmica vulnerável a ataques. Se Israel procurava recuperar a dissuasão, este foi um jeito brilhante. Imagino que os aiatolás não irão dormir bem daqui para a frente, sabendo que Israel pode entrar no país (seja com mísseis ou caças) sem ser detectada.

A decisão dos aiatolás de disparar 350 mísseis e drones contra o Estado judeu teve que ser pesada tanto ao nível militar quanto diplomático. E pelo visto, os aiatolás cometeram um grande erro. Mas há outra dimensão: a histórica.

E como discorreu Amos Asa El, o prisma mais crucial é o de avaliar o propósito da Revolução do Aiatolá Khomeini de 1979 e o padrão que ela está seguindo, muito parecido com os modelos do Japão Imperial, da Alemanha Nazista e da Rússia Soviética, que terminaram em colapso total.

O ATAQUE DO IRÃ foi o terceiro marco da guerra atual que Israel enfrenta. O primeiro foi o ataque de 7 de Outubro porque o terrorismo nunca antes soltou milhares de terroristas ao longo de fronteira de 40 quilómetros, onde cometeram uma chacina sem precedente. Os outros dois marcos da guerra, foram os ataques com mísseis dos Houthi e o ataque do Irã na semana passada.

Os ataques dos Houthi foram um marco porque foram o primeiro confronto militar no espaço sideral. O ataque iraniano é um marco não pelo tipo de arma  utilizada pelo Irã, mas pelo que encontrou: um sucesso de defesa sem precedente.

A dimensão diplomática do ataque iraniano foi também única. Foi a primeira vez que o exército de Israel e os exércitos árabes lutaram juntos contra seu inimigo comum.

O significado estratégico deste alinhamento é profundo. A intimidação regional do Irã saiu pela culatra. Depois de ter estacionado milícias num tanto de terras árabes, alimentado múltiplas guerras civis e estabelecido pontes políticas em Bagdad, Sana, Damasco e Beirute, a agressão de Teerã uniu o resto da região e agora a obrigou a reagir.

E isso marcou o primeiro grande fracasso da agressão iraniana. Enquanto a sociedade do Irã se desgasta e a sua economia afunda, Teerã escolheu o caminho dos maiores agressores da história recente, todos que como os aiatolás, queriam dominar seus vizinhos e talvez o mundo.

A Alemanha nazista foi motivada por uma teoria racista e o seu plano era conquistar a Europa e escravizar os povos “inferiores”. O Japão Imperial foi motivado pela sede de recursos naturais e planejou dominar a Ásia, acreditando que esse era o seu destino. A União Soviética foi motivada pela fé comunista, que esperava espalhar pelo mundo.

Todos os três foram inicialmente bem-sucedidos. Os japoneses conquistaram grandes áreas da China e de seus vizinhos e lançaram bombas de Pearl Harbor a Austrália; os alemães conquistaram territórios da Tunísia ao Volga; e os soviéticos ocuparam metade da Europa e lançaram uma rede de representantes de Cuba ao Vietnã. No entanto, todas as conquistas desses três não duraram mais que duas gerações. Seus planos eram tão loucos quanto suas crenças.

O caso do Irã é diferente mas o princípio é o mesmo. Ao contrário dos outros três que foram movidos por ideias seculares, o Irã é movido pela religião. Os aiatolás acreditam que o Irã deve dominar o Oriente Médio, o Xiismo deveria dominar o Islão e o Islão deveria dominar o mundo. Foi isto que fez com que Teerã gastasse bilhões de dólares na criação de milícias para  desestabilizar o Oriente Médio. Foi isto que os levou a enviar terroristas de Buenos Aires para Bancock, e é isto que agora os faz ajudar a Rússia a enfrentar o Ocidente na Ucrânia.

A resposta do mundo livre a esta agressão infelizmente tem sido a mesma que foi nos três casos anteriores: relutância estratégica e negação psicológica. A agressão da Alemanha poderia ter sido evitada militarmente, se o mundo livre não tivesse mentido a si próprio que Hitler iria se contentar somente com os Sudetos, o Japão com partes da China e a União Soviética iria parar sua expansão.

É claro que isso não funcionou. Para os tiranos fascistas a guerra é um valor nacional, um ideal moral e uma arma política de primeiro recurso; Para nós, do mundo livre, a guerra é um anátema, um trauma e uma arma de último recurso.

É por isso que o mundo livre em 1956 abandonou a Hungria à mercê dos seus senhores soviéticos, em vez de ajudar a sua revolta anti-soviética, mesmo depois de Budapeste ter declarado o seu desejo de aderir à OTAN.

É por isso que não ficamos surpresos pelos apelos que o mundo fez esta semana a Israel, tanto da Europa como da América, para Israel não retaliar contra o Irã. E assim o mundo continua e não muda: os agressores continuam a aumentar suas agressões, os livres continuam a negar a ameaça da agressão e a história. Se o tempo acaba por conduzir o agressor para uma derrota total, ele também continua a aumentar o preço da liberdade.

Portanto, sim, a República Islâmica do Irã, tal como o Japão Imperial, a Alemanha Nazista e a Rússia Soviética, mais cedo ou mais tarde entrará em colapso. A única questão é se isso acontecerá devido à conduta do mundo livre, ou apesar dela.

Queria aproveitar alguns minutos para lembrar os 133 reféns que continuam presos em Gaza por 197 dias. Esta Páscoa, o nosso Pessach, é a festa da liberdade. Este ano, pelo menos aqui, ela não está sendo comemorada como todos os anos. As pessoas desejam umas as outras Pessach Kasher mas falar a palavra Sameach, alegre, parece fora de lugar.

Vamos continuar rezando para que haja um milagre e que neste Pessach possamos dar aos reféns a liberdade que tanto esperam e que tanto esperamos.

 

Saturday, April 13, 2024

O Irã Ataca - 14/04/2024

 

Logo após a saída do Shabbat ontem, todas as redes de notícias de Israel relatavam que o Irã iria ou já teria lançado um ataque direto a Israel. O porta-voz do exército foi ao ar para instruir a população sobre como se proteger e o que estaria suspenso hoje, como as escolas, passeios e grandes eventos. Principalmente meus filhos não estavam nem um pouco felizes em terem que dormir no abrigo da casa.

Desde o dia 1º de abril estávamos esperando alguma ação do Irã. Naquele dia, um ataque aéreo ao anexo consular da embaixada iraniana em Damasco, eliminou dois generais iranianos, membros da Guarda Revolucionária Iraniana responsáveis pela transferência de armas contra Israel vindos da Síria. O Irã esperneou reclamando que seu consulado tinha imunidade. Mas de acordo com o direito internacional, quando um local é usado para planejar e levar a cabo ataques contra outro país, a imunidade cai. Israel tinha não só o direito, mas o dever de eliminar estes militares.

Em torno da meia-noite, o exército avisou que o Irã havia de fato lançado centenas de drones e aviões não tripulados em direção a Israel, e que eles deveriam entrar no nosso espaço aéreo às 2 da manhã. Só que não foram só drones. O Irã lançou uma barragem de mais de 120 mísseis balísticos, 170 drones e 30 mísseis cruzeiros. Estes mísseis levam apenas 12 minutos para cobrir a distância entre o Irã e Israel. Em torno das 2 da manhã as sirenes começaram em todo o país.

E apesar do dano a Israel ter sido mínimo, a quantidade de mísseis e drones lançados mostram que o Irã estava sério em causar danos substanciais tanto em vidas como em danos materiais.

Nos últimos 45 anos, o Irã tem usado seus procuradores para atacar Israel no que chamamos de um anel de fogo. O Hamas no sul, a Hezbollah no norte e os Houthis a partir do Iêmen, no sudeste. O que é inusitado e sem precedente, é que o ataque do Irã ocorreu apenas um dia depois de Joe Biden ter emitido um aviso a Teerã para não fazê-lo e reforçando o compromisso de Washington em apoiar e defender Israel.

Pela primeira vez que eu saiba, um aviso tão definitivo dos Estados Unidos foi completamente ineficaz mostrando claramente como a América perdeu o respeito dos seus inimigos e junto com ele, seu poder de dissuasão. 

Como isso aconteceu?

A resposta parece ser óbvia para qualquer pessoa que tem acompanhado a política externa americana não apenas durante esta administração, mas durante a administração Obama. A administração Obama deu início a uma política com o Irã que alternou fraqueza e apoio: capitulando no Acordo Nuclear de 2015, e liberando bilhões de dólares permitindo aos mulás continuarem a financiar seus grupos terroristas.

A administração Biden continuou esta política exatamente onde Barak parou, deixando o Irã bem posicionado para o ataque de hoje. Isso, em vez dos Estados Unidos significativamente dissuadirem este regime apocalíptico de causar o caos na região.

Vamos ver as inúmeras tentativas de Biden de entrar num novo acordo nuclear com os iranianos. Logo que assumiu a presidência, Biden defendeu a sua política covarde em relação ao Irã, citando negociações, sugerindo que se os resultados não surgissem em breve, ele assumiria uma política mais dura em relação aos aiatolás.

O Irã ficou tão “intimidado”, e estou sendo sarcástica, que continuou à todo vapor com seu programa nuclear, proibiu a visita de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica, fez incontáveis tentativas e assassinatos de dissidentes inclusive em solo americano, assinou uma cooperação industrial em defesa com a Rússia, reprimiu brutalmente os protestos sobre a economia, apertou a lei islâmica causando a morte de meninas e moças... mas nada disso testou a paciência de Biden ou dos seus conselheiros trazidos da administração Obama.

Esta política de indiferença se aplicou até nos ataques às forças americanas no Iraque, na Síria e até na Jordânia, que receberam pouca ou nenhuma retaliação. Numa audiência no Senado em 2023, o senador Tom Cotton questionou o secretário da Defesa Lloyd Austin sobre os ataques iranianos, salientando que as forças americanas tinham sido atacadas 83 vezes pelo Irã e suas milícias e os Estados Unidos haviam contra-atacado apenas quatro vezes. “Que tipo de sinal pensamos que isto envia ao Irã?” perguntou Cotton na época.

Hoje, enquanto o Irã dispara centenas de mísseis contra Israel, nem sequer um dia depois de Biden ter aconselhado a contenção, temos a resposta a esta pergunta.

Embora a maior parte da abordagem de Biden à República Islâmica tenha sido caracterizada pela inação, há uma excepção notável: a administração se mostrou mais que disposta a fazer pagamentos generosos ao regime iraniano, sob a forma de alívio de sanções e descongelamento de fundos.

O alarme sobre os perigos do alívio das sanções já havia soado no Acordo com o Irã em 2015. Todos nós sabíamos que os estimados 50 bilhões de dólares que o Irã teria acesso seriam usados para financiar os terroristas da região.

Mesmo com Israel sendo atacada diariamente com misseis vindos do Hamas em Gaza e da Hezbollah no Líbano, os dois financiados pelo Irã, não impediu Biden liberar 6 bilhões de dólares ao Irã, apenas duas semanas antes dos ataques de 7 de outubro. E depois de 7 de outubro, Biden liberou outros 10 bilhões para o principal patrocinador desse massacre.

A fraqueza e a loucura desta política seriam ridículas se não fossem um perigo urgente para a estabilidade mundial. Aparentemente, não há limite para o que o Irã possa fazer, seja contra Israel, Estados Unidos ou o resto do Ocidente, que fará Biden mudar sua política em relação aos mulás. Biden tentou apaziguar um regime e ele usou esta fraqueza para causar esse estrago na região sem sofrer qualquer penalidade.

E é em continuidade à esta política, e a declaração do Irã que havia “concluído” sua retaliação, que Biden está pedindo a Israel agora para não revidar o ataque de ontem. Mas ontem e hoje de madrugada, o Irã atirou do seu solo para o solo de Israel. Isso é uma declaração de Guerra. E a não ser que Israel responda de maneira substantiva, ela vai “normalizar” este tipo de ataque, criando um novo precedente.  Hoje é normal para a comunidade internacional que Israel seja alvejada todos os dias pelo Hamas e pela Hezbollah. Que outro país aceitaria uma situação desta? E é por isso que os líderes do Hamas se recusam a soltar os reféns, adotando uma posição inflexível nas negociações.

A guerra do Irã contra o Ocidente não é apenas um problema de Israel, é e sempre foi um problema da América. Precisamos de um líder que reconheça isso e aja. Não de um líder que só oferece palavras vazias e políticas covardes.

A questão mais importante agora é: o que nos espera? Infelizmente, o Oriente Médio e os Estados Unidos se preparam para o que poderá muito bem ser um terrível conflito regional. Por seu lado, Israel é obrigada a restaurar a dissuasão. Para isso ela precisa trabalhar com seus aliados e formar uma coalisão para confrontar esta ameaça iraniana. E isso inclui os países árabes sunitas que já ontem se mostraram prontos a isso.

O G7 e o Conselho de Segurança da ONU vão se reunir hoje para discutir a ação do Irã. Se eles quiserem fazer algo realmente substantivo, devem reter e expandir as sanções contra o Irã, especialmente as sanções contra armas e mísseis balísticos que eludiram todos os acordos anteriores.

A comunidade internacional, por seu lado, deve concluir que este regime medieval do Irã já passou do seu prazo de expiração e precisa ser jogado fora. Não por estrangeiros, mas pelo próprio povo iraniano que precisa e merece líderes melhores.