Sunday, August 7, 2011

A Síria e a Política de Obama (ou a falta dela) - 7/8/2011

Por anos, o Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu tem dito que Israel não tem um parceiro palestino com quem negociar. Aí vemos reportagens nesta semana dizendo que Netanyahu teria aceito as linhas de armistício de 1949 como referência para futuras negociações com a Autoridade Palestina.

Netanyahu teve razão quando disse que Israel não tem com quem negociar porque a verdade nua e crua é que os palestinos rejeitam o direito de Israel de existir. No mês passado, um dos chamados “negociadores seniores” dos palestinos, Nabil Sha’ath, numa entrevista para a Arabic News Broadcast, deixou claro que nunca aceitará um estado judeu no que ele diz ser a Palestina do Mediterrâneo ao Jordão.

Dada esta posição não há qualquer chance de um acordo com Israel num futuro próximo. E ainda, há o Hamas que controla Gaza e que de acordo com as pesquisas de opinião, será o grande ganhador de qualquer eleição palestina na Judéia e Samária, mostrando a farça destes esforços para retomar as “negociações”.

Então, a pergunta é: porque Israel se submete a este exercício fútil? A única resposta lógica é para apaziguar o presidente americano Barack Obama.

Nos últimos meses, muitos observadores têm operado com a presunção de que Obama usará o veto no Conselho de Segurança para impedir que os palestinos sejam aceitos nas Nações Unidas como um novo estado-membro. Mas até agora, nenhum membro da administração americana confirmou que Obama irá mesmo vetar a criação do estado da Palestina. Isto deixa claro que Obama está usando este veto para conseguir que Israel se curve às suas demandas.

Entre elas, Israel deverá abandonar sua exigência de fronteiras defensáveis em qualquer acordo com os palestinos já que para isto Israel tem que manter o controle do vale do Jordão e das colinas da Samária, que estão além das linhas de armistício de 1949.

O que faz esta política de Obama notável é que ela não involve simplesmente trair o único aliado americano no Oriente Médio. Desde que se tornou presidente, Obama fez disto um hábito. O que é notável é esta posição ter se tornado uma política de governo. Desde que assumiu a presidência, Obama deixou claro que seu objetivo é de reduzir o tamanho de Israel ao máximo e para isto está tomando passos concretos.

Obama forçou Netanyahu a fazer com que a criação de um estado palestino se torne o objetivo-mor de Israel. Conseguiu que os direitos de propriedade de judeus em Jerusalem, Judéia e Samária fossem suspensos por 10 meses no ano passado e agora força Netanyahu a fazer de conta que as linhas de armistício de 1949 são algo que Israel pode aceitar.

Obama não adotou qualquer política similar em relação ao Egito, Siria, Irã, Turquia, Líbia ou outros países do Oriente Médio. Ele comentou, argumentou, protestou e se pronunciou sobre as notícias do dia. Mas não fez uma política. E como consequência, fez os Estados Unidos perderem sua posição de líder regional deixando-a para outros que não se importam com os interesses americanos.

A Síria é o melhor exemplo. O presidente Assad é o garotinho de recados dos mullahs do Irã e um dos maiores patrocinadores do terrorismo internacional. Na década em que sucedeu seu pai, Assad treinou terroristas para matarem soldados americanos no Iraque, deu abrigo a terroristas da Al-Qaeda e fortaleceu os laços com a Hezbollah. Ele recebeu o Hamas, o Jihad Islamico e outras facções terroristas palestinas. Proliferou armas nucleares e mandou matar o primeiro ministro libanês Rafik Hariri. Desde março tem massacrado seu próprio povo e com a invasão da cidade de Hama neste final de semana, o total de mortos pode ultrapassar os 2 mil.

E qual foi a resposta de Obama? Ele intensificou seus protestos de desprazer com as ações de Assad. O que antes Obama dizia ser “inaceitável” hoje ele diz ser “escandaloso”. Em face da invasão de Hama por Assad, em vez de formar uma política para por fim ao reinado deste inimigo mortal dos Estados Unidos, Obama dá desculpas para não fazer nada. Oficiais do governo americano, incluindo o embaixador em Damasco, Robert Ford, dizem que os Estados Unidos têm pouca influência sobre Assad.

Isto é absolutamente ridículo. Muitos congressistas e outros políticos estão exigindo a retirada de Ford de Damasco e sanções contra Assad no setor de energia. O que deveria ser feito mesmo é abertamente financiar, apoiar e armar a oposição. Isto teria efeito e talvez a influência Americana sobre Assad aumentasse.

Dizem que como no Egito, o grupo mais poderoso da oposição na Síria é a Irmandade Islâmica. E isto hoje é provavelmente verdade. A força da Irmandade aumentou muito nos últimos meses com o apoio da Turquia. Os ingênuos aplaudiram o fato de Erdogan ter assumido a liderança no vácuo deixado por Obama. O que eles deixaram de reconhecer é que os interesses de Erdogan numa Síria pós-Assad têm pouco a ver com os interesses americanos. Erdogan continuará a oprimir os kurdos da Síria e fará de tudo para radicalizar a Síria através da Irmandade Islâmica.

Hoje há uma coalisão de oposição na Síria que inclue todos os grupos étnicos e que está batendo nas portas dos corredores do poder em Washington. E ainda assim, os mesmos políticos que estão prontos a reconhecer a oposição na Líbia, mesmo se ela contar com membros da Al-Qaeda, se recusam a apoiar a oposição síria que quer um país democrático e liberal.

Nesta semana que passou, a secretária de estado Hillary Clinton se encontrou privadamente com esta oposição. Porque o encontro não foi público? Esta atitude só assegurará a vitória da Turquia em instalar um regime islâmico com a partida de Assad.

O problema é que apoiar um grupo de oposição pró-democracia na Síria envolveria adotar uma política de governo, algo que Obama não quer fazer. E esta postura não é nova. Quando o povo iraniano foi às ruas em protesto em 2009, ele ficou de lado. Como é de seu hábito, ele agiu como se o trabalho de presidente dos Estados Unidos fosse só opinar e não liderar. Desde aquela época Obama ficou de lado quando os mullahs tomaram o Líbano, construiram bases operacionais na America Latina, correram com seu programa nuclear e consolidaram seu poder no Iraque e Afganistão.

Na quarta-feira passada começou o julgamento show do ex-presidente do Egito e aliado americano Hosny Mubarak e seus filhos. No começo dos protestos, os inimigos de Obama o atacaram por se recusar abandonar Mubarak imediatamente.

As razões dos Estados Unidos para manterem seu apoio a Mubarak na época eram óbvias: ele tinha sido a pedra fundamental da aliança entre a América e os mundo árabe sunita por 3 décadas. Ele manteve a paz com Israel e seu sucessor mais provável era a Irmandade Muçulmana. Obama não respondeu aos críticos com uma política coerente. Sua recusa em trair Mubarak não era uma questão de política mas uma atitude de distanciamento frio.

Quando Obama viu que este distanciamento estava lhe custando politicamente, ele o substituiu com declarações furiosas. Ele tirou o apoio a Mubarak sem mesmo pensar sobre as consequencias de seus atos. E hoje não são apenas Mubarak e seus filhos que estão sendo humiliados numa jaula. É seu legado de aliança com os Estados Unidos.

Ao reconhecer que a administração não tem qualquer política no Oriente Médio, o Congresso americano tentou preencher o vazio. O comitê para Assuntos Estrangeiros recentemente passou um orçamento de ajuda para o Egito, Líbano, Yemen e a Autoridade Palestina contingente a uma certificação de que o dinheiro não irá para governos que têm como aliados organizações terroristas. Hillary Clinton emitiu uma rápida condenação dizendo que esta exigência era inaceitável. Mas isto faz sentido. Exigir que a assistência americana a países estrangeiros seja contingente a uma segurança de que o dinheiro não será usado para patrocinar inimigos dos Estados Unidos deveria ser uma política. Mas outra vez, Obama não faz política – exceto quando se trata de atacar Israel.

Numa entrevista ao The New York Times na quinta-feira, o filho de Muammar Qaddafi, Saif Al-Islam Qaddafi disse que ele e seu pai estariam negociando um acordo para combinar suas forças com os islâmicos para restabelecer a ordem no país.

Agindo com um mandato do Conselho de Segurança da ONU e armado com a doutrina “Responsabilidade de Proteger”, Obama foi para a guerra contra Qaddafi 5 meses atrás sem qualquer objetivo claro. E então, nenhum objetivo foi alcançado.

Enquanto isto, o filho de Qaddafi se sente livre para dar entrevistas ao New York Times e zombar da America.

Se não houver outra coisa, as ondas de cáos, guerra e revolução que estão varrendo os países árabes deixam claro que o conflito árabe com Israel é só um teatro na experiência árabe de tirania, fanatismo e traição. E também fala muito sobre quem é Obama. Oito meses após a primeira revolução na Tunísia, sua única política no Oriente Médio envolve enfraquecer Israel.

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