Sunday, September 4, 2011

Prestação de Contas Pela ONU - 5/9/2011

Nos Estados Unidos, depois do furacão Irene, houve uma tempestade de outro tipo. A congressista americana e presidente do Comitê de Relações Estrangeiras Ileana Ros-Lehtinen apresentou um projeto de lei que, se for aprovado, irá colocar severas restrições às contribuições dos Estados Unidos para as Nações Unidas. Hoje a América contribui com 22% do orçamento da ONU que é passado sem qualquer prestação de contas aos Estados Unidos e é inclusive mandatório, isto é, os contribuintes nem podem perguntar aonde vai este dinheiro todo.


Se o Ato para Transparência e Prestação de Contas das Nações Unidas for aprovado, a ONU terá 2 anos para passar reformas orçamentárias pelas quais pelo menos 80% das contribuições seriam voluntárias. Se a ONU se recusar, os Estados Unidos serão obrigados a cortar pela metade o que pagam para a organização.

Além da reforma orçamentária, este ato contém várias exigências para com instituições das Nações Unidas que promovem agendas anti-americanas e anti-Israel. Por exemplo, os Estados Unidos teriam que suspender qualquer contribuição ao Comitê de Direitos Humanos até que revogue sua resolução que proíbe Israel de fazer parte dele permanentemente e passe uma resolução proibindo países que patrocinam o terrorismo de serem membros do comitê.

Além disso, o ato proibe dar fundos a atividades como o Relatório Goldstone e o processo anti-semita de Durban. Restringe substancialmente o patrocinio da agência palestina a refugiados que está tomada por terroristas e incita a destruição de Israel. O projeto de lei nota especialmente o plano da Autoridade Palestina de submeter seu pedido de reconhecimento de estado no final deste mês na Assembléia Geral e manda toda a suspensão de pagamentos a qualquer agência ou organização da ONU que elevar o nível de representação da missão palestina ou que votar a favor dela.

Este projeto tem 57 co-signatários e nota que a presença dos Estados Unidos no Conselho de Direitos Humanos desde 2009 não teve qualquer impacto na agenda anti-Israel que continua a ser atacada como um estado ilegítimo e racista.

Ignorando absolutamente todos estes fatos, a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland disse que este projeto de lei “seriamente mina a posição americana no cenário internacional e enfraquece perigosamente a ONU como um instrumento para avançar os objetivos de segurança nacional dos Estados Unidos”.

Não esperavamos menos do governo Obama. Desde que se tornou presidente, ele repete que a ONU deve substituir os Estados Unidos como o líder do globo. Obama acredita que a América não pode operar unilateralmente no mundo.

Ele ainda insinua que as operações conduzidas fora do âmbito da ONU são de alguma forma ilegítimas – ele diz por exemplo que a situação complicada no Iraque é devida à falta de permissão do Conselho de Segurança para a invasão . Terceiro, ele acha que para os Estados Unidos terem credibilidade, não podem impor sua vontade e “ofender” outros membros. E finalmente, Obama acredita ser ultrapassado exigir que uma organização como a ONU preste contas. Qualquer um que levante este assunto é simplesmente “atrasado”. Mas a história prova o contrário. Há dezenas de casos em que os Estados Unidos agiram unilateralmente com sucesso como as ações em Kosovo, por exemplo.

Em contrapartida, as últimas reportagens mostram que na Líbia, as ações americanas devidamente autorizadas pelas Nações Unidas irão gerar uma situação em que o próximo governo será dominado por forças políticas e militares aliadas ao Irã.

Dizer que os Estados Unidos irão perder influência em assuntos internacionais se a ONU o ver como mandão, é simplesmente demente. A verdade é que os estados-membros são somente oportunistas quando se trata da ONU. Eles apoiam a organização quando ela apoia seus interesses e a ignoram quando ela se opõe.

Interesses nacionais conflitantes são a razão pela qual Obama falhou em conseguir apoio do Conselho de Segurança para qualquer coisa que parecesse como uma medida efetiva contra o programa nuclear do Irã. Chamar de “ultrapassado” aquele que exige que a ONU pare de patrocinar as causas dos inimigos da América, é insultante. É indicativo da cultura que motiva esta administração que continua a promover sua agenda centrada na ONU apesar de suas falhas óbvias e repetidas.

Como ficou claro, esta agenda de Obama não é fruto de um pensamento lógico e racional. Ela é fruto de uma ideologia endêmica nas universidades de hoje e de onde Obama e seus “conselheiros” saíram. Esta ideologia é direcionada por clichés repetidos como se fossem raciocínios sofisticados. Clichés como “governancia global”, “revolução twitter”, “multilateralismo” e “interdependência.”

Estas pérolas se tornaram artigos de fé impermeáveis a qualquer fato ou realidade. Aqueles que aderem à estes mantras nunca, nunca reconhecerão sua incapacidade de cumprir suas promessas utópicas. Em vez disso, eles atacam qualquer um que mostra estas falhas como “ultrapassado” ou “pessoas velhas e cansadas que não têm qualquer sofisticação para entender o mundo”.

E vemos esta atitude em todos os aspectos da política de Obama. Ele se tornou presidente dizendo que a razão pela qual todos os esforços para concluir um acordo de paz entre Israel e os palestinos falharam, era porque os palestinos nunca confiaram que os Estados Unidos pudessem “entregar” Israel. Para remediar esta percepção, Obama consistentemente procurou colocar Israel contra a parede. Esta política falhou miseravelmente, pois hoje os palestinos abandonaram a mesa de negociação e estão às portas das Nações Unidas pedindo reconhecimento sem negociação e sem que ter que abrir mão de absolutamente nada, perpetuando o conflito na região. E apesar disto, esta administração continua a se apegar à esta política porque reconhecer um erro envolveria renunciar à este cliché.

Outro exemplo é a política desta administração de engajar o Irã, o que resultou nos mullas ganharem a corrida nuclear, consolidarem seu poder reprimindo de modo violento os manifestantes pró-democracia, expandir sua influência no Iraque e Afganistão, dominar o Líbano, tomar passos para dominar o Egito, a Líbia e outros. E apesar disto, esta administração se recusa a admitir que sua política está errada e a adotar outra mais efetiva, porque ao faze-lo, seria admitir que o “engajamento” pregado por Obama não é o remédio que ele disse curava todos os males.

É claro, este projeto de lei deverá ser bloqueado pelo Senado controlado pelos democratas antes que Obama tenha a oportunidade de veta-lo. Isto é uma pena não só porque esta lei avançaria os interesses americanos e a causa da liberdade ao redor do mundo. É uma pena porque mostra que o debate sobre a política externa dos Estados Unidos hoje se resume àqueles que confiam nos fatos contra aqueles que confiam nos clichés.

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