Wednesday, October 17, 2012

O Drone e a Resposta Israelense - 14/10/2012


No sábado retrasado Israel sofreu uma invasão do seu espaço aéreo. Um drone de fabricação iraniana, alegadamente enviado pela Hezbollah teria viajado ao longo da costa Libanesa e Israelense e entrado para dentro de Israel pela Faixa de Gaza. Seu objetivo era o de alcançar Dimona aonde Israel manteria um reator nuclear.

Este incidente, ocorrido dia 6 de outubro cativou a imaginação da mídia, comentaristas e militares. A data também não passou desapercebida. Dia 6 de outubro é o aniversário da guerra de Yom Kipur quando Israel foi atacada por uma coalizão de países árabes liderados pelo Egito e Síria.

Oficiais do exército de Israel admitiram terem seguido os movimentos do drone por uns 20 minutos antes de abatê-lo. Provavelmente os radares israelenses já o haviam detectado antes disso.

Ao dizer que seguiu o drone por pelo menos 20 minutos, Israel está mandando à Hezbollah e aos iranianos uma mensagem: que qualquer informação emitida pelo drone foi lida, rastreada e estudada, sem dizer, provavelmente manipulada.

Como a Hezbollah bem sabe, quando se trata de mísseis de ferro, Israel não faz mágica. Ela não tem outra saída a não ser usar força bruta. Mas quando a ameaça são armas e sistemas sofisticados, a vantagem de Israel é imensa. Na guerra do Líbano em 2006, Israel não conseguiu evitar a barragem de Katyushas até o último dia mas destruiu todo o estoque de mísseis de médio a longo alcance em menos de meia hora. Dê a Israel um sinal eletrônico, magnético ou infra-vermelho e está acabado.

E é isso que torna este incidente do drone ainda mais interessante especialmente se levarmos em conta as tensões com o Irã e seu programa nuclear e a vulnerabilidade da Hezbollah com a atual situação da Síria. O fornecimento de dinheiro, treinamento e suporte iranianos ao que parece, foram completamente trinchados.

Então por que os iranianos iriam querer provocar Israel e acionar sua paranóia mandando um drone para Dimona? Não é que esperavam que o drone não fosse interceptado. As chances dele alcançar Dimona era menos que zero. A área é tão protegida que até pilotos israelenses que passaram perto por erro foram abatidos.

Então, por que a provocação? Essa não foi apenas uma aventura, mas uma mensagem. A penetração do drone em Israel foi uma clara violação da lei internacional pelo Irã agindo através do seu agente a Hezbollah. A sensitividade do alvo, Dimona, tem implicações importantes no contexto internacional e não pode ser interpretado de outro modo que uma ameaça aberta ao coração da defesa de Israel e de seu programa nuclear.  

As sanções estão começando a afetar o povo iraniano. Sua moeda despencou na última semana causando um aumento descontrolado dos preços. A Hezbollah nunca esteve tão isolada e odiada no Líbano. Com a Irmandade Muçulmana que é sunnita, em ascensão em toda a região, os shiitas da Hezbollah temem serem perseguidos e expulsos do Líbano. Seu único aliado na região, a Síria, está lutando por sua própria sobrevivência.

Uma violação do espaço aéreo israelense é uma coisa suficientemente séria para garantir uma retaliação pesada por parte de Israel. E talvez fosse isso mesmo que o Irã, a Hezbollah e a Síria estavam esperando. Se atacados por Israel, eles conseguiriam o apoio árabe, desviar a atenção e assim contornar seus problemas internos. E se foi esse o objetivo, Israel fez bem em não retaliar.

É verdade que o drone poderia ser a desculpa ideal para Israel lançar uma ofensiva e destruir todo o arsenal da Hezbollah no sul do Líbano – especialmente depois que Nasrallah confirmou que foi ele quem deu ordem para lança-lo. Mas esta ofensiva não valeria a pena se fosse a causa de uma guerra regional que só fortalecesse o Irã.

Já houve incidentes letais como este no passado. Em 25 de novembro de 1987, dois terroristas em gliders voaram através da fronteira e pegaram tropas israelenses desprevenidas perto de Kiryat Shmona, matando oito e ferindo oito. O envio deste drone pode ter sido um teste do Irã sobre a capacidade de Israel de reagir a infiltrações aéreas. E foi assim que o público e a mídia em geral entenderam este incidente. E isso é importante.

Esta brecha de segurança causa dano ao poder de dissuasão de Israel em relação a seus inimigos. Se o objetivo do Irã – e da Hezbollah por tabela – foi o de conseguir um feito único para usar em sua propaganda para humilhar Israel, então do seu ponto de vista, eles foram bem-sucedidos. E isso não é algo que pode ser descartado. Esta foi uma provocação importante e o silêncio de Israel pode ser mal interpretado como fraqueza e vulnerabilidade.

Isto não quer dizer que devemos imediatamente entrar no Líbano de qualquer jeito. Mas é imperativo que Israel mande uma mensagem clara e em bom-tom aos seus inimigos que esta violação passou dos limites e não ficará sem resposta.

Israel está com eleições marcadas para o dia 22 de janeiro próximo. Vamos esperar que nenhum incidente como este aconteça antes desta data pois até lá, os líderes de Israel estarão mais preocupados com sua sobrevivência política.

Mas depois disso, o jogo será outro especialmente se a direita sair fortalecida como tudo indica. O envio deste drone foi uma grande estupidez do Irã e um grande risco para a Hezbollah. Vamos esperar que eles cometam o mesmo erro novamente e aí então, Israel responderá à altura.


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