Sunday, December 16, 2012

O Dilema de Obama - 16/12/2012


O presidente Barack Obama está num dilema. Desde sua posse em 2008 ele deu apoio à oposição no Egito para derrubar Mubarak e trazer a democracia. Agora está perante um governo radical islâmico que por sua vez está sendo desafiado por uma outra oposição que exige democracia e igualdade para mulheres e minorias. O que fazer agora? Continuar apoiando os islâmicos ou mudar a casaca e apoiar a nova oposição?

Obama não aprendeu com o Egito e agora está fazendo de tudo para derrubar Bashar Al-Assad da Síria, reconhecendo os rebeldes como os legítimos representantes do povo sírio. Só que estes rebeldes também são radicais islâmicos e pior, associados a Al-Qaeda. Se estes rebeldes derrubarem Assad, as armas químicas passarão para suas mãos com consequências inimagináveis para a região. Obama parece estar sempre apoiando os inimigos da América.

Quando o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas retornou de Nova York para Ramallah anunciando o reconhecimento do Estado Palestino dentro das linhas de armistício de 1949, menos de 5 mil palestinos, a maioria deles funcionários públicos do seu governo, foram recebê-lo.

Mas quando o líder do Hamas Khaled Mashaal foi para a Faixa de Gaza e disse aos palestinos que o confronto armado e o jihad eram o único caminho para libertar a Palestina “do rio ao mar”, e que não havia lugar para sionistas na Palestina porque o país pertence unicamente a muçulmanos e árabes, centenas de milhares de palestinos se aglomeraram para acolhe-lo e reafirmar seu apoio à eliminação de Israel e no seu lugar implantar um estado islamico.

As declarações de Mashaal também receberam apoio de palestinos na Judéia e Samária, especialmente quando ele fez o voto de nunca desistir “de qualquer polegada da Palestina”!

O canal de televisão oficial da Autoridade Palestina transmitiu o discurso de Mashaal e as comemorações dos 25 anos de fundação do Hamas. O apoio prevalente à posição do Hamas é um sinal de quanto os palestinos estão radicalizados. Um lider que fala de um estado palestino em Gaza, Cisjordânia e no Leste de Jerusalém é menos popular que um que fala em “libertar Tel Aviv, Haifa e Beersheva!”

Quando Abbas diz ao mundo que um estado palestino dentro das linhas de armistício pré-1967 trará uma paz duradoura ao Oriente Médio, ele está ignorando a maioria dos palestinos que não compartilham sua opinião.

Palestinos na Faixa de Gaza passaram a semana cantando slogans para a libertação da Palestina “do rio ao mar” e para o Hamas lançar mais mísseis contra Israel. Estas manifestações não têm o propósito de demonstrar apoio ao Hamas mas mostrar que os palestinos  continuam a negar à Israel o direito de existir. Elas objetivam expressar o sentimento real dos árabes e muçulmanos que vêem Israel como um corpo estranho na região que precisa ser extirpado e exterminado.

Se Mashaal tivesse ido à Ramallah, a reação teria sido igual. A Autoridade Palestina está mais do que consciente do sentimento anti-Israel prevalente em sua população que ela mesma incentiva. E é por isso que nem Abbas nem qualquer outro membro da Autoridade fez qualquer crítica a Mashaal quando ele falou em eliminar Israel. Abbas escolheu rotular seu discurso de ódio e violência como “positivo”.

Como pode a Autoridade Palestina - que se diz comprometida com a idéia de dois estados procurar se unir a um grupo que conclama abertamente árabes e muçulmanos ao jihad para destruir Israel?

E como pode o mundo, especialmente países da União Européia não denunciar este chamado ao genocídio mas em vez disso, condenar Israel por aprovar construções? Como sempre, é mais fácil culpar Israel e os Estados Unidos pelo impasse no processo de paz, em vez de culpar o Hamas e outros grupos terroristas.

Saeb Erekat repetiu esta ladainha esta semana quando publicou um artigo avisando que a janela da oportunidade está se fechando para a solução de dois estados e para o envolvimento dos Estados Unidos no processo de paz. Ele ainda avisou que punir os palestinos ou seus aliados por sua iniciativa diplomática na ONU é perigoso, seja lá o que isto queira dizer.

Erekat e o resto da cúpula da Autoridade Palestina não vêem a ambição do Hamas de destruir Israel como um obstáculo para a paz. Eles se recusam a reconhecer que a maior ameaça para a solução de dois estados não está com Israel mas na falta de vontade dos palestinos aceitarem o direito de Israel de existir.

E quando Obama e a União Européia escolhem pressionar Israel e não os palestinos para retomarem as negociações, quando usam eufemismos com Abbas chamando as claras violações aos acordos passados de “atitudes não-produtivas” mas repreendem duramente Israel por autorizar construções em áreas vazias, isto só incentiva a radicalização e o endurecimento dos palestinos.

Teremos que esperar para ver como a situação no Egito e na Síria se resolverá e o impacto que terá na região, em Israel e nos palestinos. Mas com radicais no poder nos países vizinhos, não há como acreditar que os palestinos finalmente reconhecerão o direito de Israel de existir. E até lá não há como levar à frente qualquer negociação ou ter qualquer esperança de uma paz duradoura para Israel. 


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