Monday, April 28, 2014

A Mundança do Jogo de Abbas - 27/4/2014

Finalmente aconteceu. O último prego no caixão do processo de paz entre Israel e os palestinos foi o anúncio de Mahmoud Abbas de mais um acordo “histórico” com o grupo terrorista palestino Hamas.

Este acordo é uma mensagem clara de Abbas para Israel e para os Estados Unidos. A mensagem que diz: vejam o que eu posso fazer se vocês não se curvarem às minhas exigências.

O momento não é fortuito. Estamos a menos de dois dias do prazo final imposto por Obama para a compleição das negociações e assinatura de um acordo de paz entre Israel e os palestinos.

Esta reconciliação com o Hamas depois de 7 anos de conflito armado com a Fatah não aconteceu de repente. Enquanto Abbas impunha mais e mais condições para se sentar à mesa com Israel, por trás das costas do mundo, ele teria chegado a um acordo com o Hamas.

O primeiro sinal de que as negociações com Israel estariam entrando em colapso foi em 1º de abril quando Abbas anunciou que havia pedido para que a Autoridade Palestina fosse aceita como parte em 15 tratados internacionais.

Este tipo de ação unilateral por parte dos palestinos é exatamente o que Abbas havia prometido não fazer até o fim das negociações. O irônico aqui é que entre estas convenções está a de Genebra que exige o respeito aos direitos humanos e a punição por crimes de guerra.

Como Netanyahu endureceu, vieram ameaças de resignação de Abbas, de desmantelar a Autoridade Palestina e “devolver as chaves para Israel”. Junto com as ameaças ele embarcou numa tática para influenciar a opinião pública israelense encontrando-se com membros da Knesset e jornalistas em Ramallah.

Como estas táticas falharam, Abbas decidiu recorrer à reconciliação e unidade com o Hamas. Depois de anos de hostilidade, prisões, perseguições e assassinatos, Abbas de repente descobriu que o Hamas e o Jihad Islâmico são “parceiros nacionais” para a sua Fatah. O que ele ficou de explicar é como ele irá reconciliar um acordo com dois grupos que pregam o genocídio integral da nação de Israel e seu pedido para se juntar à Convenção de Genebra contra crimes de guerra.

Quem acredita que o Hamas esteja “revisando” seus objetivos, tem que olhar de novo. Dois dias antes da assinatura do acordo de união com a Fatah, um reporter do jornal Al-Monitor perguntou a Mahmoud Zahar se o Hamas havia abandonado o terrorismo. Zahar respondeu que “qualquer um que disser isso deve estar bêbado pois o Hamas nunca abandonará a resistência armada. Como prova, ele disse que o grupo nunca havia impedido o lançamento de mísseis da Faixa de Gaza em Israel. Nenhuma dúvida aí.

Abbas sabe que o Hamas não é seu parceiro e nunca o será. Mesmo depois do acordo de união ter sido anunciado, o Hamas continuou a vociferar contra qualquer negociação com Israel ou aceitar a solução de dois estados.

Abbas também sabe que não há nada de “histórico” neste acordo. Esta é a quarta vez que a Fatah tenta a reconciliação com o Hamas desde 2007. Os outros acordos também tiveram anuncios bombásticos, apertos de mãos e beijinhos entre líderes do Hamas e da Fatah mas eles nunca se materializaram.

O Hamas nunca irá ceder o controle da Faixa de Gaza e Abbas nunca permitirá que o Hamas estabeleça bases na Judéia e Samária. E então para que tudo isso? A meu ver, ele tem dois propósitos para Abbas: extrair mais concessões de Israel e dos Estados Unidos e ganhar pontos com a opinião pública palestina em vista das próximas eleições palestinas.

Abbas está corretamente lendo a situação e agindo de acordo. Ele só pode assinar as Convenções internacionais de um lado e o acordo de união com o Hamas do outro porque sabe que nem os Estados Unidos, nem a União Européia irão pedir para ele prestar conta de suas ações. Tanto um como o outro passaram as duas últimas décadas tecendo desculpas para as ações da OLP e Abbas sabe que isso continuará.

Quando se trata dos palestinos, as potências ocidentais nunca se opuseram a jogar no lixo suas leis internas ou a lei internacional para mostrar sua fidelidade à OLP, em nome de um processo de paz que todos sabem ser pura ficção.

A reação imediada da administração Obama ao anúncio do acordo com o Hamas na quarta-feira foi de fingir que não estava entendendo o que havia acontecido. Depois a porta-voz da Casa Branca só respondeu pateticamente que a bola estava com Abbas para confirmar se esta união estava de acordo com os princípios americanos, seja lá o que isso queira dizer.

Do lado europeu, a coisa é pior. Durante um encontro no último mês de outubro, Catherine Ashton, a chefe da política exterior européia, exortou Abbas a fazer a paz com o Hamas. Para ela, uma reconciliação entre os dois grupos “era um importante elemento para a união de um futuro estado palestino e para chegar à uma solução de dois estados”.

Assim, a união entre grupos terroristas é algo que Ashton considera positivo para a paz enquanto que a simples presença de Judeus em Jerusalém, Judéia e Samária, é para ela comparável a um crime de guerra.

Os palestinos expuseram a mentira que é este processo de paz e os israelenses, tanto da direita como da esquerda, pela primeira vez admitiram que não podem negociar um acordo com alguém que não reconhece seu direito de existir.

Na quinta-feira, o gabinete de segurança de Israel decidiu encerrar todas as negociações com a Autoridade Palestina. Mas ela não pode parar aí. Israel tem que parar com todas as transferências de dinheiro e serviços e a cooperação com as forças de segurança da Autoridade Palestina. Israel tem que começar a prender todos aqueles oficiais que vão para a mídia conclamando os palestinos ao genocídio de judeus.

Abbas não está interessado em paz. Ele não está nem mesmo interessado em um estado. Os palestinos tiveram 20 anos e bilhões de dólares dos Estados Unidos, União Européia e países árabes para construirem instituições, coletarem impostos, agirem contra a corrupção, construirem ruas e escolas e lutarem contra o terrorismo. Os palestinos receberam 25 vezes mais do que a Europa inteira recebeu em ajuda para sua reconstrução depois da segunda guerra mundial e não construiu sequer uma companhia elétrica.

20 anos! Hoje os palestinos devem mais de 500 milhões de dólares para a companhia elétrica de Israel além de outros tantos milhões para a companhia de água e telecomunicações. Isso porque o verdadeiro objetivo dos palestinos, tanto do Hamas como da Fatah não é o de construir a Palestina mas de destruir o estado judeu.


Mesmo assim, os Estados Unidos e a União Européia continuarão a defender Abbas pois não faze-lo, seria contradizer sua ideologia e crença que a paz só depende de concessões de Israel. E em alguns dias vamos ouvir que é uma boa coisa dar legitimidade ao Hamas. Depois disso é só esperar a próxima novidade que Abbas tirará da manga.

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