Wednesday, September 17, 2014

Entre Políticos e Líderes - 14/09/2014

Parece que é um evento semanal. Num vídeo de 2 minutos e meio, intitulado “Mensagem aos Aliados da América”, o carrasco do Estado Islâmico, com o rosto coberto, mas falando um inglês perfeito com sotaque londrino, decapita mais um refém. Desta vez, o escocês David Haines, não era um jornalista, mas um voluntário que foi ajudar a população sofrida da Síria. No mesmo vídeo, o assassino ameaça matar outro refém inglês, se a Inglaterra continuar a apoiar os Estados Unidos.

David Cameron, primeiro ministro inglês imediatamente convocou uma reunião de emergência para chegar a uma estratégia, mas ao final, a política venceu: a Inglaterra não irá participar diretamente nas ações militares mas dará somente apoio logístico. Ele disse que estes não são muçulmanos mas monstros.

Obama também preferiu considerações políticas em sua resposta ao Estado Islâmico. Na quarta-feira, um dia antes do aniversário dos ataques de 11 de setembro, o presidente Obama disse que atacaria o grupo onde estivessem. Mas hoje, dias mais tarde, nada foi feito. Obama quis deixar claro que o que o Estado Islâmico prega, não é islamismo. Cameron disse islamismo é uma religião de paz. Mas nem um nem o outro explicam como tantos muçulmanos nascidos e criados no ocidente, com todas as vantagens, estão se juntando a este grupo aos milhares.

Obama e Cameron são políticos. Foi ao dizer o que o povo queria ouvir que eles foram eleitos. Mas ser um político bem sucedido está longe de ser um líder, alguém a ser lembrado pela história. Um verdadeiro líder nem sempre diz o que os outros querem ouvir. E um líder não se esquiva de tomar decisões difíceis, muitas vezes, até contra o que o seu eleitorado quer porque é o que ele acredita ser o certo.

Com o fim da segunda guerra mundial, não tivemos a necessidade de líderes como Churchill ou Roosevelt. Mas hoje, o mal está de novo à solta. Ele não se mostra como uma nação que quer dominar a outra por simples razões econômicas. Ele brande a bandeira da religião e justifica atos horrendos em nome de um deus.

E para combater este mal é preciso não só de coragem, mas de claridade moral para definir e reconhece-lo onde estiver.

Poucos no Brasil conhecem o senador americano Ted Cruz do estado do Texas. Cruz é filho de um imigrante de Cuba, que chegou aos Estados Unidos com 17 anos e lavou pratos para sobreviver. Seu filho Ted, com puro esforço pessoal, conseguiu entrar nas melhores escolas americanas inclusive em Harvard aonde se formou em direito. Ele é o próprio retrato do sonho americano.

Na quarta-feira Cruz também fez um discurso. Ele foi convidado a falar no jantar inaugural da organização Em Defesa dos Cristãos que se propõe a defender os direitos dos cristãos perseguidos no Oriente Médio.

Os organizadores do jantar provavelmente esperavam que Cruz iria falar da opressão sofrida hoje pelos cristão e a necessidade do Congresso americano trabalhar para defendê-los. Ele ganharia os esperados aplausos e iria para casa. Nenhum deles poderia imaginar que Cruz iria se referir ao antissemitismo que nutre muitos destes árabes cristãos.

Mas Cruz decidiu tomar o caminho mais difícil e falou duras verdades. Ele disse que aqueles que “odeiam Israel também odeiam a América e que aqueles que odeiam os judeus também odeiam os cristãos. E todo aquele que odeia Israel e o povo judeu não está seguindo os ensinamentos de Cristo.”  Ele continuou dizendo que os cristãos do Oriente Médio não tinham maiores amigos do que Israel e que o Estado Islâmico, al-Qaeda, Hamas e Hezbollah, junto com a Síria e o Irã eram todos partes do mesmo câncer, assassinando do mesmo modo cristãos e judeus. Ódio é ódio e assassinato é assassinato”.

A resposta da audiência foi uma grande vaia. Cruz disse que depois de alguns minutos ele não teve escolha e declarou que se aqueles cristãos não estavam do lado de Israel e dos judeus, então ele não poderia ficar do lado deles. Aí ele desceu do pódio e foi embora.

Esta foi a atitude de um verdadeiro líder. Ele poderia ter tomado o caminho mais fácil, ganhado aplausos, fama e apoio de mais esta comunidade, consolidando seu futuro político. Mas Cruz teve a claridade moral de reconhecer que é o mesmo islamismo que oprime e persegue os cristãos e os judeus e só a união destes que são perseguidos poderá trazer a vitória contra grupos como o Estado Islâmico. Esta claridade moral lhe deu a coragem de enfrentar aquela audiência de frente.

Em contrapartida, tivemos o discurso do presidente Obama que continua a manter a posição tomada em 2009 no Cairo. Nunca o presidente Obama mencionou o ódio dos muçulmanos aos infiéis, cristãos ou judeus. Em nenhum momento ele falou do radicalismo islâmico, patrocinado e  enaltecido nos países do Oriente Médio e em nenhum momento Obama falou do terrorismo islâmico ou da visão jihadista que levou à perda de tantas vidas inocentes.

Em vez disso, através de sua presidência, Obama negou a existência do jihad, sua ideologia, e o fato que esta força e não outra, estava moldando os eventos no mundo. E seu discurso da quarta-feira não foi uma exceção.

Obama deixou claro que não estava em guerra contra o islamismo. Que sua estratégia é de usar de operações contra-terroristas com o fez no Yemen e Somalia. Como se nestes países a estratégia teria funcionado. Hoje a Somalia é dominada pelo grupo Al-Shabab e o Yemen pela Al-Qaeda da Península Árabe. Também no Iraque e na Síria esta estratégia irá causar a derrota dos Estados Unidos.

O Estado Islâmico não é uma mera organização terrorista. Ele controla um território maior que a Bélgica, com cidades, poços de petróleo e muito dinheiro. Este grupo usa a mesma violência e terror que os bárbaros usaram para destruir o império romano.  Quando confrontado com exércitos, o grupo luta e ganha. Operações de contra-terrorismo não irão vencê-lo.

E apesar de dizer que os membros do Estado Islâmico são únicos em sua brutalidade, Obama se recusa a reconhecer a verdadeira natureza desta ameaça e confrontá-la. Ele acha que esta guerra não é sua, que ele foi eleito para retirar as tropas americanas e não enviar mais soldados para o Oriente Médio. E ele sabe que não será fácil conseguir o apoio de outros países contra o Estado Islâmico por causa da natureza ideológica do inimigo.


Obama não poderá liderar uma guerra até a vitória contra o jihad islâmico - que hoje ameaça a humanidade - porque ele simplesmente rejeita a claridade moral que lhe daria a coragem de fazê-lo. As pesquisas de opinião sobre a qualidade de sua liderança são as piores de todos os presidentes americanos. Nossa única esperança é elegermos alguém como Ted Cruz nas próximas eleições para que a claridade moral retorne ao seio da nação americana. 

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