Sunday, February 28, 2016

Trump, Cameron e a Volta do Populismo - 28/2/2016

O improvável aconteceu e hoje Donald Trump parece ser o inevitável candidato republicano nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Há apenas alguns meses, os “especialistas” em política zombavam e descartavam sua candidatura. Hoje Trump calou a boca não só dos especialistas, mas serviu um grande sapo para os políticos de carreira em Washington.

Trump está ganhando em todas. Com mulheres, jovens, idosos, veteranos do exército, brancos, hispanos e negros, seculares e evangélicos. Se na super terça-feira ele ganhar na maioria dos estados, o partido republicano não terá escolha a não ser nomeá-lo para enfrentar Hillary Clinton em novembro.

Qual é a causa deste sucesso? Trump é um construtor bilionário e apresentador de um dos mais bem sucedidos reality shows da televisão. Mas sua popularidade não tem nada a ver com isso. Trump conseguiu canalizar as profundas frustrações que o público americano sente com as elites políticas e culturais do país.

Em outras palavras, ele fala exatamente o que as pessoas pensam mas não dizem sob pena de serem consideradas intolerantes, politicamente incorretas ou atrasadas. Este é o terror social e intelectual imposto pelo exército de burocratas e acadêmicos inseridos por Obama nas posições mais críticas do governo americano.

Cada vez que nos encolhemos ao ouvir Trump falar algo politicamente incorreto, sua popularidade aumenta. Sua candidatura disparou quando ele prometeu construir um muro ao longo da fronteira sul e fazer o México pagar por ele e assim combater a imigração ilegal que está roubando empregos de americanos.

Novamente, sua aprovação foi para a estratosfera quando, depois do ataque em San Bernardino, Trump disse que proibiria a imigração de muçulmanos para a América até desenvolver um método para checar estes imigrantes.

Milhões de americanos estão fartos de serem chamados de racistas, chauvinistas, homofóbicos, extremistas, privilegiados, cada vez que abrem a boca. Em Trump eles encontraram sua voz. E ainda há o sentimento que Obama transformou a América - como ele prometeu que faria- mas foi da maior potência o ao maior otário do mundo. Quando Trump descreve o péssimo acordo assinado com o Irã ou a reaproximação com Cuba sem que os mulás ou os irmãos Castro se obrigassem a absolutamente nada, ele fala direto ao coração destes eleitores. Seus fãs não querem saber os detalhes de seu plano para a saúde, defesa, ou a economia. Eles odeiam os políticos de Washington e querem alguém que não tem o rabo amarrado com ninguém, que está pagando por sua própria campanha, alguém que comprovadamente foi bem sucedido em negócios que irá fazer algo diferente e criar um futuro melhor para os americanos.

Se eleito, Trump será um presidente muito popular, e porque ele não tem nenhuma agenda ideológica, ele será o oposto do hiper-ideológico Obama.

Os americanos não estão sozinhos no mundo com esta frustração e incerteza. Os países do Oeste Europeu também estão enfrentando uma onda de insatisfação. Partidos populistas que querem estancar a imigração muçulmana e até sair da União Europeia estão ganhando cada vez mais eleitores, levando os partidos políticos tradicionais ao pânico.

Estes populistas prometem a mesma coisa que Trump: restaurar a antiga glória de seus países e acabar com a monstruosidade burocrática da União Europeia que pulverizou o caráter nacional dos seus países e lhes roubou a soberania. Hoje muitos europeus rejeitam a política de fronteiras abertas e querem a volta de sua identidade nacional. O próximo 23 de junho será o teste. Neste dia, os ingleses decidirão se continuam ou não da União Europeia. O popular prefeito de Londres, o conservador Boris Johnson é quem lidera esta campanha contra a vontade do Primeiro Ministro David Cameron. Johnson também pôs o dedo na insatisfação do povo com as elites políticas. E se a Inglaterra sair, poderemos ver outros países seguirem.

E numa tentativa de conectar com o povo, Cameron deu um grande passo em falso esta semana. Ao responder ao parlamentar inglês Imran Hussain que disse ter visitado a “Palestina” na semana passada, Cameron disse que estava “genuinamente chocado” com o atrevimento de Israel de construir no leste de Jerusalem. Ele disse que apoiava Israel mas não apoiava a colonização ilegal. Que “ele não apoiava o que estava acontecendo em Jerusalém do Leste e... “que é muito importante que esta capital se mantenha do jeito que era no passado”.

Será que o primeiro ministro inglês realmente quer que Jerusalém seja “mantida como era no passado?” Como era então sob o governo Jordaniano, aonde as sinagogas e lugares sagrados judaicos foram destruídos e queimados? Quando judeus não tinham acesso ao Muro das Lamentações e seus direitos religiosos básicos foram negados?
Ou talvez quando os ingleses tinham o Mandato da Palestina, e judeus proibidos de tocar o shofar na cidade velha para não “incomodar os muçulmanos” e quando judeus eram proibidos de adquirir propriedade em Jerusalem? Na época não havia rede de água, esgotos, eletricidade, ruas, escolas, coleta de lixo e tratamento médico disponível para todos. Que tal Israel suspender todos estes serviços no leste de Jerusalém? É isso que quer Cameron?

Também não dá para entender o que ele quis dizer com “o que está ocorrendo em Jerusalem”. Aparentemente ele não está se referindo aos esfaqueamentos, atropelamentos e tiroteios promovidos pelos palestinos. Também não creio que ele esteja se referindo ao progresso econômico, ao parque industrial e tecnológico que emprega milhares de árabes, ou a liberdade e cultura que permeia a cidade desde que voltou ao controle judaico.

Aparentemente, o que escandaliza Cameron é o fato de judeus estarem construindo na cidade. Numa época em que o Oriente Médio inteiro está sendo destruído por guerra, inclusive os maiores tesouros históricos e arqueológicos da Humanidade, Cameron se ofende com construção, porque ela é feita por judeus. Por esta lógica esquizofrênica, este é o único obstáculo para a paz.

A verdade é que mesmo assim, até agora, Cameron tem sido o maior amigo de Israel. Ele emendou a lei que dava a qualquer um o direito de pedir a prisão de supostos “criminosos de guerra” que alvejaram Tzipi Livni, Shaul Mofaz e Ehud Barak. Ele também apoiou as mais duras sanções contra o Irã, excluindo Teherã do maior sistema de transferência de fundos, o SWIFT. Ultimamente, Cameron tomou medidas contra os ativistas do Boicote, Desinvestimento e Sanções proibindo discriminação contra produtores Israelenses. É exatamente por isso que foi tão difícil ouvi-lo condenar Israel por algo tão normal quanto permitir a todos seus cidadãos de construírem e viverem aonde bem entenderem em sua capital!

Parece que com o novo antissemitismo permeando a Europa, fica difícil manter uma política aberta de apoio a Israel, mas esperamos que Cameron reganhe logo a lucidez.

A corrida dos americanos e europeus em direção aos populistas é resultado de sua crescente crise de identidade, de fraqueza social, cultural, militar e econômica. Isto sem dúvida irá causar instabilidade no mundo num futuro próximo. Israel precisa reconhecer o que está acontecendo e não se deixar pressionar por alguns que procuram marcar pontos políticos. Não é hora de negociar e de fazer concessões a terroristas em ternos. Israel tem que continuar a se defender e manter-se firme até termos um novo presidente na Casa Branca.

Sunday, February 21, 2016

Uma Semana De Afrontas - 21/2/2016

Esta foi uma semana de afrontas.

Na terça-feira, o líder da Hezbollah Hassan Nasrallah condenou os países árabes sunitas por supostamente estarem esquentando suas relações com Israel. Ele ainda disse que a Hezbollah e o Líbano nada têm a temer de um futuro conflito com Israel.

Falando do Irã, aonde se encontra para se tratar de câncer, Nasrallah retoricamente perguntou aos líderes sunitas se eles “aceitavam um amigo que ocupa terra sunita na Palestina” ou ainda “se estes países podem fazer amizade com uma entidade que cometeu os massacres mais horríveis contra a comunidade sunita”.

O seu grupo, a Hezbollah, está lutando na Síria ao lado do regime alawita de Bashar Al-Assad, da guarda revolucionária iraniana e o exército russo contra os rebeldes sunitas que são apoiados por países árabes do Golfo. Apesar da natureza complexa e sangrenta do conflito que já conta com mais de 400 mil mortos desde 2011, Nasrallah ficou fora de si com a ideia de que o estado judeu possa ser considerado um “amigo” de países árabes em vez do Irã. Ele disse que os árabes estão livres para considerar o Irã como inimigo mas como podem eles considerar Israel um aliado? Em sua opinião, esta aproximação deve ser condenada e “confrontada de modo sério”.

E aí está a afronta, a cara-de-pau e porque não dizer, a chutzpah de Nasrallah que não conhece qualquer limite. Na mesma hora em que Nasrallah castigava os países árabes, a Rússia, sua aliada, cometia graves crimes de guerra contra sunitas na Síria. Do uso de bombas de barril e o bombardeamento indiscriminado de áreas civis, incluindo hospitais, à causar intencionalmente a fome, a Russia está massacrando civis sunitas.

Nasrallah poderia ter ficado quieto sobre a piora nas relações entre sunitas e xiitas, mas em vez disso, ele resolveu bater de frente com Israel. Esta é uma tática muito usada para desviar a atenção de uma realidade desconfortável. A realidade que grita que ele, Nasrallah, junto com o regime de Assad, o Irã e a Russia, são os responsáveis pela maior tragédia humanitária da história recente para os sunitas.

E Nasrallah tem o desplante de criticar os estados árabes por estarem supostamente cooperando com o estado judeu? Quem é na verdade amigo de uma entidade que está cometendo as maiores atrocidades contra a comunidade sunita? É você Nasrallah...

No momento em que Nasrallah vociferava suas condenações a Israel, seu aliado Putin matava dezenas de pessoas em pelo menos 4 hospitais e uma escola no norte da Síria, em particular perto da cidade de Aleppo.

De acordo com a ONU, um dos hospitais era uma maternidade e a escola estava abrigando refugiados perto da fronteira com a Turquia. Um outro hospital em Maarat al-Numan era um posto dos Médicos Sem Fronteira. Seu porta-voz disse que pelos menos 4 mísseis diretos foram lançados contra o hospital em 90 minutos. Lembram o escândalo da organização quando os Estados Unidos alvejaram seu hospital no Afeganistão? Exigiram uma investigação, indenizações milionárias e não aceitaram o pedido de desculpas do exército americano. Alguém ouviu algum protesto contra a Rússia? Imaginem então se fosse Israel que tivesse atacado...

Apoiados por estes ataques aéreos da Rússia, o governo sírio junto com as milícias iranianas e da Hezbollah estão cercando as forças rebeldes em Aleppo tentando faze-los se render pela fome.  O mesmo método que eles usaram para recapturar a cidade de Homs. Usar a fome como arma é crime de Guerra, mas ela está sendo amplamente usada na Síria sem qualquer protesto.

Então neste mesmo dia, em que sunitas são massacrados em hospitais e escolas na Síria por seus aliados, Nasrallah, decidiu vir a público no Irã para condenar os próprios países árabes sunitas.

A verdade é que esta aproximação está ocorrendo. No domingo passado, o próprio primeiro ministro Benjamin Netanyahu reconheceu este fato. Em seu discurso para a Conferência de Presidentes das Maiores Organizações Judaicas Americanas, ele disse que os “maiores países árabes estão mudando sua visão de Israel. Eles não veem mais o Estado Judeu como seu inimigo, mas como um aliado, especialmente na guerra contra o Islamismo radical”.

Nasrallah deve ficar mesmo preocupado. Israel tem interesses similares com os países árabes sunitas, a começar por evitar que o Irã obtenha armas nucleares e colocar um fim ao seu avanço na Síria e outros países. Israel ainda tem muito a oferecer a estes países, de gás natural, a avanços em tecnologia, agricultura e medicina.

Agora a segunda afronta. No sábado passado morreu o juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos Antonin Scalia. Um gênio jurídico, ele era conservador e via a constituição americana como um documento que precisava ser interpretado de acordo com a visão dos fundadores dos Estados Unidos.

Era um católico praticante, tinha nove filhos, e um deles, foi o padre que conduziu seu funeral ontem na Catedral da Imaculada Conceição em Washington. Presentes estavam o vice-presidente Joe Biden e esposa, e o ex-vice-presidente Dick Cheney, além dos outros 8 juízes da Suprema Corte.

Obama, no entanto, anunciou que não iria. Ele e a esposa decidiram visitar o corpo de Scalia na Suprema Corte onde ficaram menos de 2 minutos. Tradicionalmente o presidente americano participa do funeral de um juiz do Supremo porque no balanço entre os três poderes, estes juízes estão no mesmo nível de Obama. O porta-voz da Casa Branca Josh Earnest não teve uma boa resposta para a ausência do presidente. Acho que ele preferiu ir jogar golfe a prestar uma homenagem a um homem conservador.

Para piorar a afronta, Obama mandou publicar uma foto dele segurando uma grande pasta, supostamente com nomes de possíveis substitutos para Scalia. Alguém de seu gosto para desfazer a contribuição deste grande homem. No caso de Menachem Zivotofsky, um menino americano nascido em Jerusalem, a Suprema Corte decidiu por 6-3 que era prerrogativa do presidente decidir se reconhecia a cidade santa como parte de Israel ou não, apesar do Congresso ter legislado que era. Antonin Scalia, escreveu uma brilhante opinião discordante, provando que a Constituição divide a responsabilidade em matéria de relações exteriores entre o presidente e o Congresso e que pela primeira vez na história americana uma decisão permite ao presidente desafiar um ato do Congresso.

A terceira afronta veio da Áustria, que esta semana convidou Hedy Epstein para representar sobreviventes do Holocausto num conferência sobre mulheres durante a Segunda Guerra. O que tem de especial neste convite é que Epstein nunca foi uma sobrevivente Ela viveu os anos da guerra na Inglaterra. O pior é que ela é uma ativista antissionista, pró-Hamas, que defende o Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel e compara o tratamento dos judeus pelos nazistas com o tratamento dos palestinos por Israel. Ela foi a única judia convidada a participar deste evento. ?Em toda a Áustria ou no resto do mundo não encontraram uma judia realmente sobrevivente dos campos de concentração para falar de sua experiência?


Esta foi uma semana de afrontas, mas ela não é diferente de outras em que o mundo se permite cometer atrocidades impunimente ao mesmo tempo em que dá lições de moral e condena os que se defendem. A pergunta é, até quando vamos permitir que isto continue?

Sunday, February 14, 2016

Putin e o Declinio da América - 14/2/2016

Esta semana o senador Bernie Sanders fez história. Ele é o primeiro judeu a ganhar uma eleição primária para a presidência dos Estados Unidos. Um auto-declarado socialista que quer aumentar os impostos dos americanos para 90%, sua campanha está passando um rolo compressor sobre a de Hillary Clinton.

Os americanos estão cansados de estar cansados deste governo. Obama foi um desapontamento tanto para a esquerda quanto para a direita. Ele enfraqueceu a América e não melhorou o nível de vida dos menos afortunados. O custo do seguro médico foi para o espaço junto com o desemprego. As pessoas estão cheias do politicamente correto que insulta os valores básicos da nação americana. Esta é a razão pela qual tanto do lado democrata quanto do lado republicano os candidatos preferidos são pessoas fora do sistema, fora do “establishment”.

Em relações exteriores a fraqueza americana está levando o mundo ao abismo. Nesta semana o presidente da Rússia, Wladimir Putin, fez uma declaração assustadora. Ele disse que os Estados Unidos são o inimigo numero 1 da Rússia e que estamos assistindo o desenrolar da Terceira Guerra Mundial ou no mínimo, a volta da Guerra Fria. É isso que resultou o “reinício” de relações entre a América e a Rússia negociado por Hillary Clinton e aquela foto patética dela apertando um botão vermelho com Sergei Lavrov em 2009.

Hoje estamos assistindo uma reprise da Guerra da Criméia de 1853, entre o Tsar russo e o Sultão turco. Daquela vez a Russia perdeu, e agora está procurando vingança. A Turquia é apoiada pela América, e o palco a Síria.

Não há solução visível para a guerra civil síria que já dura 5 anos e o desastre dos vastos campos de refugiados na Jordânia e Turquia. Nesta semana, mais de 60 mil civis sírios abandonaram suas casas para a fronteira Turca. A ONU teve que suplicar a Erdogan para abrir sua fronteira. O presidente sírio, Bashar Al-Assad prometeu um massacre até que cada polegada de seu território seja recuperado. Ninguém acredita nas negociações patrocinadas por Obama, entre as várias facções porque as principais não estão envolvidas. Contra as forças do governo de Assad, os Russos, os Iranianos e a Hezbollah, há o Daesh (Estado Islâmico), a Al-Qaeda, al-Nusra; e os americanos e as forças de oposição seculares e sunitas.

Esta crise não é culpa somente do avanço do Estado Islâmico, a brutalidade de Assad ou dos rebeldes que querem tirá-lo do poder. A Síria hoje é o campo de batalha de uma Guerra por procuração entre a Russia e a Turquia e seus respectivos líderes megalomaníacos: Erdogan e Putin.

Estes dois homens são movidos por suas ambições imperiais. Putin está fazendo de tudo para restabelecer sua versão da União Soviética. Erdogan quer impor sua versão do Império Otomano. A Síria é só o pano de fundo sobre o qual os dois estão testando suas forças. E no processo estão internacionalizando o conflito. Há soldados da guarda revolucionaria do Irã, da Arábia Saudita, Qatar, Chechnya, Afganistão e Paquistão. Há mais de 400 soldados cubanos dirigindo tanques russos. Há shiitas do Iraque e do Líbano. A Al-Qaeda, al-Nusra e Estado Islâmico contam com voluntários de vários países ocidentais. A violência ameaça atingir o norte de Israel.  Não há exagero quando Putin diz que este conflito tem o potencial de se tornar na Terceira Grande Guerra. 

De seu lado, a Turquia quer evitar que as forças curdas na Síria e no Iraque se juntem aos curdos turcos para criar seu próprio estado. Os curdos são a maior minoria do mundo sem um estado próprio. São 37 milhões de pessoas com sua própria língua e cultura espalhados entre o Irã, o Iraque, Síria e Turquia. Nenhum destes países está a fim de perder parte de seu território. O perigo é que a Turquia poderá arrastar a OTAN para o conflito.

Erdogan, que é sunita quer remover Assad, que é xiita alawita. A Rússia por seu lado, quer garantir sua continua influência na região, especialmente seu acesso ao Mediterrâneo de sua base naval em Tartus. Assim, com o apoio do Irã, Putin está direcionando os bombardeamentos para os rebeldes que são apoiados pelos Estados Unidos e o Ocidente. Além disso a Russia está usando bombas regulares que causam muitas mortes entre civis. Mas Putin simplesmente não se importa. Esta mostra de força, em contraste com Obama, fez com que todos os lideres da região prestassem homenagem ao líder russo, incluindo Israel, os Sauditas, a Jordânia e o Irã. O único membro da OTAN, a Turquia, está cada vez mais isolada e pela própria culpa de Erdogan.

Depois de embolsarem três bilhões de euros da Europa para ajudar com os refugiados, os turcos mandaram avisar que isto era só um começo. Agora ele quer também a remoção de vistos para 78 milhões de turcos entrarem na Europa. Putin por sua vez, sabe que quanto mais ele prolongar a crise na Síria, e a onda de refugiados continuar, mais ele poderá extorquir a suspensão de sanções enquanto ele continua sua campanha de anexação da Ucrânia.  As implicações de uma escalação da violência entre o Sultão Erdogan e o Tsar Putin são óbvias.

Com tudo isto se passando às portas de Israel, o estado judeu tem que se desvencilhar de Obama e aumentar sua própria influência na região. O Irã se tornou uma ameaça real para os países sunitas do Golfo com este absurdo acordo nuclear. Este acordo causou a improvável aproximação da Arábia Saudita, Emirados árabes, Qatar e Kuwait a Israel. Israel também está dividindo inteligência, know-how com países árabes e fazendo um planejamento estratégico conjunto.

Todos estes países árabes sabem que Israel é o único país estável da região, o único país confiável que consistentemente tem mantido suas obrigações em acordos e alianças. Israel também entende a necessidade de força militar e sabe como usa-la. Em outras palavras, Israel é o contrário dos Estados Unidos. Obama abdicou sua influência para Putin e Khamenei. Ele abandonou seus aliados e alimentou o povo americano com mentiras como a Al-Qaeda foi derrotada, o ISIS está contido, o Irã está sob controle e a relação com a Rússia foi reiniciada.

Hoje a América parece ser um país perdido, uma superpotência confusa e doente procurando um antídoto para o falso messias Obama. Com os atuais candidatos à presidência, Trump de um lado e Sanders do outro, o mundo está perguntando qual papel terá a América nestes anos cruciais à frente. As implicações para Israel são sísmicas.

Oito anos de arrogância combinada com ignorância de Obama foram suficientes. Israel tem que abrir um caminho de influência alternativo. E todos nós temos que rezar para que o próximo presidente americano seja alguém com conhecimento, sensato e responsável! Basta de treinamento no cargo.


Esta é minha opinião mas gostaria também de lembrar um personagem que nos deixou neste final de semana. O herói da guerra de Yom Kippur, general Avigdor “Yanush” Ben-Gal morreu ontem aos 79 anos. Ele comandou a 7ª Brigada Armada nos Altos do Golan e conseguiu segurar as superiores forças sírias até a chegada de reforços. Apesar de suas conquistas, ele era simples e humilde e ficava surpreso quando era reconhecido. Um verdadeiro gibor de Israel.

Sunday, February 7, 2016

A Visita de Obama à Mesquita - 7/2/2016

Nesta última quarta-feira, o presidente Obama resolveu corrigir o que ele definiu como “uma grande distorção de imagem” que o público tem de muçulmanos-americanos. Para tanto, ele resolveu visitar uma mesquita e confortar a congregação. Ele disse que aqueles que demonizam todos os muçulmanos pelos atos de poucos, estão entrando no jogo dos extremistas.

Ele reclamou que “crianças têm sofrido bulling e mesquitas são vandalizadas”. Emocionado, Obama disse que “tal desigualdade de tratamento rasga o tecido social da nação”.

Interessante que nas últimas estatísticas publicadas pelo FBI (https://www.fbi.gov/about-us/cjis/ucr/hate-crime/2013/topic-pages/incidents-and-offenses/incidentsandoffenses_final), quando se trata de crimes contra grupos religiosos, 59.2% dos ataques nos Estados Unidos, foram contra os judeus! Somente 14.2% foram contra muçulmanos. Alguém ouviu o presidente correr para uma sinagoga para confortar a comunidade judaica?

Talvez Obama sentisse urgência em reiterar seu apoio aos muçulmanos, devido à declaração do candidato à presidência Donald Trump de que a América deveria suspender a imigração islâmica até implementar um processo efetivo de verificação dos imigrantes. Esta declaração causou um grande número de condenações de todo o espectro político, mas aumentou o apoio popular a Trump. Ele é visto como um anti-político, que fala o que todos pensam e não leva desaforo de ninguém.

Minimizando o perigo do terrorismo islâmico, Obama disse que há violência em alguns cantos do mundo islâmico perpetrado por “elementos extremistas organizados que deturpam os textos islâmicos e acabam refletindo negativamente sobre a maioria dos muçulmanos que são pacíficos”.

A visita causou sensação na mídia que até suspendeu a cobertura da campanha presidencial para dar espaço ao presidente. O problema é que a mesquita que Obama visitou tem ligações antigas com a Irmandade Muçulmana e o Hamas. O próprio FBI recomendou ao presidente não dar legitimidade a esta instituição e escolher outra mais moderada. Obama não quis ouvir.

A Sociedade Islâmica De Baltimore acusou Israel de genocídio durante a Guerra com o Hamas e exigiu o fim do apoio Americano ao estado judeu. O ex-Imã Mohamed Adam el Sheikh foi um dos responsáveis pela Agência Islâmica-americana de Assistência, uma ONG que em 2004 foi designada como um grupo terrorista por transferir dinheiro para Osama Bin Laden, Hamas, al-Qaeda e outros grupos jihadistas. O mesmo Imã resolveu então assumir uma outra mesquita na Virginia substituindo Anwar Al-Awlaki que havia se mudado para o Iêmen para se tornar um comandante da Al-Qaeda. Este Anwar al-Awlaki foi quem radicalizou o major do exercito americano Nidal Hassan que em 2009 saiu atirando em Fort Hood no Texas, matando 13.

Em 2010 esta mesquita visitada por Obama, foi alvo de uma investigação do FBI sobre um possível ataque e seus membros resolveram não cooperar com as autoridades.

Estas repetidas aberturas para os radicais islâmicos é claramente o outro lado da moeda da posição de Obama em relação a Israel e é mais um sinal do que devemos esperar dele nestes últimos meses de presidência.

Minha predição é que Obama irá adotar posições ainda mais apaziguadoras com o Islamismo radical e endurecer substancialmente seu relacionamento com Israel. E já começou.

Na semana passada, a alfândega Americana anunciou que irá começar a fazer cumprir uma decisão interna de 20 anos atrás, que exige que produtos produzidos na Judeia e Samaria venham com o rótulo “Produzido na Cisjordânia” em vez de “Israel”, seguindo o exemplo europeu. Obama também está trabalhando fervorosamente com o presidente francês usando o Conselho de Segurança da ONU para impor as fronteiras de Israel e do estado palestino. François Hollande já avisou que se resultados concretos não forem alcançados através de negociações num futuro imediato, ele adotará a posição palestina.

Que declaração mais asinina foi esta!!!! Que incentivo têm os palestinos de negociarem qualquer ponto se ao não fazê-lo, todas as suas exigências serão adotadas pelo mundo?

Obama começou agora a correr com estes assuntos porque ele sabe que qualquer que seja seu sucessor, ele não será tão visceralmente anti-Israel ou tão ligado ao islamismo quanto ele. Ele tem que colocar as rodas de sua política em movimento agora se quer que pelo menos parcialmente, ela seja irreversível.

Do lado dos Democratas, temos Hillary Clinton e Bernie Sanders. Os dois adotaram posições de esquerda e hostis a Israel. Apesar de Bernie Sanders ser judeu, ele boicotou o discurso de Netanyahu no Congresso e condenou Israel por ser contra ao acordo com o Irã. Clinton, como senadora e especialmente como Secretária de Estado, condenou duramente cada aprovação de construção em Jerusalem, mesmo quando elas eram destinadas a moradores árabes. A assistente sênior de Clinton Huma Mahmood Abedin foi criada na Arábia Saudita e é notória por suas críticas a Israel. Mas com ambos, a hostilidade não é pessoal como o é com Obama. Além disso, nem Sanders, nem Clinton, têm como objetivo fortalecer os inimigos de Israel.

Do lado republicano, todos os candidatos são pró-Israel, em vários graus. Ted Cruz, frequentemente rotulado pela mídia como de extrema direita, interrompeu seu discurso para um grupo de refugiados cristãos árabes porque foi vaiado ao mencionar Israel e os judeus. Ele disse inequivocamente que se a audiência não podia ficar do lado de Israel e dos judeus, ele não podia ficar do lado deles e se retirou.

Depois de oito anos de Obama, há muito entusiasmo do lado republicano e está claro que se um deles for o próximo presidente, Israel terá mais do que um “amigo” na Casa Branca.

Ted Cruz ganhou as eleições primárias do partido republicano no estado de Iowa na semana passada com uma participação superior em 30% enquanto que a participação entre os democratas ficou abaixo das eleições de 2008. Sanders, que se declara socialista, tem o voto de muitos jovens, mas não dos mais adultos que conseguem definir o que é socialismo. Clinton por sua vez, está sob investigação do FBI por ter usado um servidor privado para mandar e receber e-mails secretos do governo americano. Os dois candidatos praticamente empataram em Iowa.

Assim, as próximas eleições americanas serão entre um candidato republicano com a base energizada contra um socialista idoso ou uma candidata com problemas legais e possível indiciamento pelo FBI. E apesar dos próximos meses provavelmente serem difíceis para Israel, o ano que vem promete ser melhor. Bem melhor que sob esta administração Obama.