Sunday, May 8, 2016

Lembrando Outra Vez o Holocausto - 8/5/2016

Em março deste ano, no interior do estado do Mississipi, um dos mais pobres dos Estados Unidos, foi inaugurado o Parque de Lembrança das Crianças Desconhecidas do Holocausto. Esta iniciativa começou quando professoras de história se deram conta em 2009 que a maioria de seus estudantes nunca havia ouvido sobre o Holocausto ou que crianças como eles haviam sido mortas. Elas tiveram então a ideia de coletar um centavo para lembrar cada uma destas crianças perdidas. O resultado, 1.5 milhão de centavos de dólares, totalizou quatro toneladas. Ao olhar para a magnitude daquela montanha e se dar conta que cada uma daquelas pequenas moedas representava uma vida perdida foi chocante. Emudecedor.

Todo ano esta é uma época de transtorno para mim. Uma parte da minha própria família que vivia na Grécia pereceu nos campos de concentração. Eu nunca os conheci e mal sei seus nomes ou sua história, ou como viviam. Mas sei como morreram.

Junto com eles, 1.5 milhão de crianças, assassinadas por terem nascido de pais judeus. Morreram porque seus pais acreditavam em Abraão, Isaac e Jacó. E no Rei Davi e no Rei Salomão. E porque ansiavam pela vinda do Messias e pela reconstrução de Jerusalem.

Quem visita Yad Vashem, ou os museus do Holocausto mundo afora, não pode não ter seu estômago revirado. Para mim, a cena mais revoltante foi uma foto de crianças pequenas enforcadas. A explicação abaixo dizia que às vezes os nazistas lhes davam morfina para evitar que chorassem ou se debatessem demais. Esta é a imagem que ficará para sempre impressa na minha memória.

O que levou um país como a Alemanha, um país desenvolvido, culto, que nos deu Kant, Nietsche, Schopenhauer, Bach, Beethoven, Handel, Mozart e tantos outros, a trazer para a terra o inferno de Dante?

A explicação é brutalmente simples: o incitamento. Primeiro foram alguns discursos antissemitas do prefeito de Viena, Karl Lueger, colocando a culpa das dificuldades econômicas antes da Primeira Grande Guerra, nos judeus. Estes discursos inspiraram Adolf Hitler e ele escreveu Mein Kampf. Seu sucesso foi ter entendido que ele precisava inspirar a juventude.  E nada como culpar uma conspiração do povo mais odiado do mundo por seus males.

Uma de suas famosas citações foi “se você contar uma mentira grande o suficiente e repeti-la frequentemente, ela será acreditada”. Outra, “nunca perguntarão ao vencedor se ele disse a verdade” e que “a verdade não importa, somente a vitória”.

Seu antissemitismo contaminou o mundo. Hitler foi escolhido a “Pessoa do Ano” pela revista americana Time em 1938. Dizer que ninguém sabia de suas intenções ou do que iria acontecer, é uma destas mentiras.  Já em 1933, antes de se tornar famoso escrevendo livros de crianças, o Doutor Seuss que trabalhava como cartunista, soava o alarme, desbancando a narrativa americana que diz que desconhecia o barbarismo que estava ocorrendo na Europa.

Se alguém ainda pensa que o mundo aprendeu com as lições do passado está errado. No meio da noite do dia da lembrança do Holocausto, aviões de Assad e provavelmente russos alvejaram um acampamento de refugiados sírios na fronteira com a Turquia. A vasta maioria das pessoas que dormia em frágeis tendas eram mulheres e crianças que fugiram do conflito. As imagens que invadiram a mídia social foram devastadoras. Mais de 30 mortos. E ninguém ouviu qualquer condenação. O sub-secretário geral de Assuntos Humanitários da ONU, pediu que se abrisse uma investigação. Não o secretário geral da organização. Um burocrata de quinto nível!!!

Alguém pode ainda acreditar que a ONU ou qualquer país do mundo se mexa para evitar o próximo massacre? Alguém pode confiar em qualquer potência que promete garantir sua segurança ou sobre proteger sua existência?? Acho que não. Ou melhor, pergunto: quando foi que a ONU ou outro país qualquer impediu o massacre iminente de uma minoria?  Nunca! Eles são bons para marcar os dias de lembrança, os memoriais para as vítimas e as cerimônias para mostrar sua solidariedade hipócrita e fazer promessas vazias.

O mesmo incitamento das décadas de 20, 30 e 40 está sendo usado hoje e o mundo novamente está engolindo as mentiras.

Considerações econômicas fizeram os principais líderes ignorarem as declarações do Irã de apagar Israel do mapa. Mein Kampf e os Protocolos dos Sábios do Sião são os únicos best-sellers do mundo árabe e se tornaram pano de fundo para as horríveis mentiras sobre o povo judeu. Mentiras que começaram com a negação do Holocausto! Fico boba de ver acadêmicos, políticos e líderes do mundo afora negarem ou minimizarem o Holocausto. A tese de doutorado de Mahmoud Abbas – nosso “parceiro da paz”- na Universidade Patrice Lumumba de Moscow foi sobre o “mito” criado pelos sionistas dos 6 milhões de judeus mortos. Nossa sorte é que os alemães eram ultra meticulosos e registraram cada um que matavam.

Ninguém pergunta, se o Holocausto não tivesse realmente ocorrido porque nenhum dos acusados em Nuremberg levantou esta defesa? Alguém é acusado por chacinar uma família. E um suspeito é preso. Só que a família aparece viva. Não é esta a primeira defesa do suspeito dizer que a chacina nunca ocorreu? Houveram uns 200 réus julgados em Nuremberg e outros 1.600 julgados por canais tradicionais de justiça militar. Nenhum deles – nem um - em sua defesa, disse que o Holocausto não ocorreu.

Hoje, israelenses são acusados de tentar esterilizar os palestinos, de injetá-los com vírus da AIDS, de envenenar a água para Gaza, de alvejar propositalmente crianças palestinas - e outras pérolas. Na esteira destas mentiras temos iniciativas como as da UNESCO, no mês passado, para erradicar qualquer vínculo dos judeus e de Israel com Jerusalem, o Templo de Salomão e o Muro das Lamentações. 33 países votaram a favor desta resolução absurda, incluindo a França, a Suécia, a Espanha, a Rússia, a Eslovênia, além da China, Índia, México e o nosso Brasil.

No meio tempo, tivemos membros do parlamento inglês, oficiais sêniores da Suécia, formadores de opinião na França, todos vomitando seu antissemitismo fantasiado de anti-sionismo.

Esta nova onda de ódio chegou a criar alianças estranhas. As elites europeias – que supostamente representam a razão e o progresso – se uniram aos piores bárbaros da terra, aqueles que executam gays, apedrejam mulheres, decepam mãos e cabeças e destroem milenares tesouros culturais. As mesmas elites que acenam a cabeça em concordância quando esta raspa da humanidade chama os judeus de descendentes de porcos e macacos.

Netanyahu nesta semana convidou os oficiais da ONU a participarem em um seminário sobre a histórica ligação do povo judeu com a Terra de Israel e Jerusalem. O enviado especial da ONU, Nickolay Mladenov foi rápido em recusar o convite. Ele disse que “os oficiais da ONU conhecem muito bem a história da região, seu povo e as religiões”.

Netanyahu disse que o seminário irá acontecer e que ele estará presente. E que se os oficiais da ONU não vierem isto será mais do que esclarecedor, pois “a verdade não deve ser controversa, a negação da verdade deveria ser controversa”.

O famoso sobrevivente do Holocausto e ganhador do Premio Nobel Elie Wiesel disse uma vez, “porque eu lembro, eu me desespero. E porque eu lembro, tenho o dever de rejeitar o desespero!”.

Mas como lidar com o ódio milenar que está de volta com toda a força na Europa? Inclusive em países que lutaram ferozmente contra Hitler, como a Inglaterra? 70 anos atrás, estes mesmos países juraram “Nunca Mais”. Hoje eles fecham os olhos para cada pronunciamento venenoso e incitamento daqueles que voltaram a culpar os judeus e Israel por seus males.

80 anos atrás o Estado de Israel era apenas um sonho, uma fantasia para os judeus. O que eles não teriam dado para fazerem parte deste país!

Hoje, os judeus estão vivendo este sonho. Um país em que são livres para eles e seus filhos continuarem a acreditar em Abraão, Isaac e Jacó, e no Rei David e no Rei Salomão, no Messias e na Reconstrução de Jerusalem. E nas promessas de seus profetas. Este sonho tem apenas 68 anos, mas tem também 3 mil anos de história e 2 mil anos de exílio e de esperança.


A paz que todo o mundo diz ansiar no Oriente Médio só pode acontecer com respeito e compreensão. A ONU e a maioria de seus membros se recusam a mostrar respeito pela História, ou compreensão para com o povo judeu. Todos têm direito à sua opinião mas não aos seus  fatos. Fatos que a ONU e seus membros não se cansam de distorcer em prol de palestinos que nunca foram um povo, nunca tiveram um estado e sua única contribuição ao mundo foi o terrorismo institucionalizado. Isto me faz lembrar as palavras dos nossos sábios que disseram: aquele que tem piedade do cruel será cruel com o piedoso. É o que infelizmente está acontecendo hoje e com a complacência de todos.

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