Sunday, October 9, 2016

A Morte de Peres e o Novo Oriente Médio - 09/10/16

O mundo já não é mais o mesmo.  A guerra na Síria que já atingia proporções catastróficas se transformou em uma aniquilação sistemática de todos que se opõem ao regime de Assad. Hospitais, creches, residências, nada é poupado. E a Rússia, fazendo o trabalho sujo para o ditadorzinho sírio será levada ao Conselho de Segurança da ONU pelos Estados Unidos para responder por crimes de guerra.

Desde o Fim da Guerra Fria não vimos algo desta natureza. Por quatro anos assistimos Bashar Assad com o apoio da Hezbollah e do Irã tentar erradicar os rebeldes sunitas. Mas o fato da maioria da população ser sunita e apoiar os rebeldes tornou uma vitória impossível. E aí entrou a Rússia. E a nova tática: a limpeza étnica da maioria da população. A onda maciça de refugiados para a Europa é prova do sucesso desta tática bárbara. Putin não se importa. Ao contrário. Agora seus exércitos estão firmemente implantados nas costas do Mediterrâneo, às portas da Europa enfraquecida com seus milhões de refugiados.

O patético restabelecimento das relações com a Rússia protagonizada por Hillary Clinton em 2009 só serviu para confirmar a fraqueza da América. Quando Mitt Romney afirmou em sua campanha a presidente em 2012 que a Rússia era o maior perigo para a América, Obama o ridicularizou, mandando-o pegar um livro de história e constatar que a Guerra Fria tinha acabado. Onde está o brilhante Sr. Obama agora??

Um novo mundo surgiu nesta semana nas ruinas de Aleppo e outras cidades da Síria. É um novo mundo porque com a consolidação das bases russas na Síria, a supremacia aérea de Israel na região está em cheque. Com a instalação de sistemas de aviso, baterias antiaéreas avançadas e drones, Israel está severamente limitada em sua capacidade de defender sua fronteira norte e de efetuar missões preventivas, como contra transportes de armas e mísseis da Hezbollah.

É também irônico que este novo e perigoso mundo tenha surgido com o enterro de Shimon Perez. O sonhador da paz e protagonista dos Acordos de Oslo de 1993 não estará para assistir o capítulo final da carnificina que com boas intenções ele ajudou a gerar. Hoje mesmo mais dois israelenses foram mortos por um palestino terrorista de 39 anos, de Jerusalem, outro fruto da incitação que corre solta nas ondas de rádio e tv palestinas, cortesia de Oslo.

Pois é, infelizmente o mundo hoje está liderado por aqueles que vivem no mundo da fantasia. Mais de 70 líderes do mundo compareceram ao funeral de Peres, incluindo Obama, Bill Clinton e François Hollande para reforçar sua posição de paz com os vizinhos. Todos os três ainda empurrando um suposto “processo de paz” que não existe. E Angela Merkel, abrindo seus braços para mais de 1 milhão de refugiados sem um mínimo de verificação de quem sejam.

Muito a contragosto, Mahmoud Abbas também esteve no funeral de Peres. Enormes protestos e críticas se seguiram, tanto de dentro da Autoridade Palestina como do Hamas. Abbas sofreu um atentado contra sua casa nos dias que se seguiram. Jornais o declararam judeu como se este fosse o maior insulto.

O interessante é que se participar de um enterro de um líder israelense, especialmente um que devotou sua vida a fazer a paz com os palestinos, acarreta tal condenação, o que aconteceria se Abbas realmente resolvesse negociar um acordo de paz?

O Presidente Abbas está tomando uma dose de seu próprio remédio. É isso o que acontece quando se lança uma onda de ódio contra Israel, seus líderes, seu povo, por todos os meios possíveis: na mídia, nas escolas, nas mesquitas e nos discursos.  É isso o que acontece quando você convence seus seguidores que toda a população de Israel é “criminosa de Guerra” que deve ser levada acorrentada à Corte Internacional Penal. É isso o que acontece quando você repete que os judeus profanam os locais sagrados islâmicos e a cidade de Jerusalém com seus “pés imundos”, pois são descendentes de porcos e macacos.   Isso é o que acontece quando você acusa Israel de “limpeza étnica”, de “execuções extrajudiciais” e de ter “envenenado” Yasser Arafat.

Que reação você espera quando é visto ao lado de qualquer líder israelense? Acredito que a reação em si não foi surpresa. Só a sua intensidade.

Abbas que tem 81 anos está no leme da Autoridade Palestina há 11 anos. Na mídia social os ataques são ainda piores. Hashtags foram lançados dizendo “oferecer condolências pela morte de Peres é traição” e “Normalização é Traição”.

Como esperado Hamas foi ainda mais além. Mahmoud Zahar, um dos líderes do grupo em Gaza, disse “que de acordo com as opiniões islâmicas, Abbas é qualificado como judeu e assim ele espera que ele se junte a Peres no inferno”. Zahar ainda disse que “Abbas é um produto israelense. O homem que diz representar os palestinos se colocou contra todos os palestinos e os árabes”.

Um grupo enorme de acadêmicos palestinos e árabes, jornalistas e ativistas políticos assinaram uma petição pedindo para Abbas pedir desculpas por ter ido ao funeral de Peres, caracterizando o ato como um “erro político histórico” e um “choque” para os palestinos.

Este é o povo com o qual François Hollande e outros líderes do mundo esperam que Israel faça uma paz duradoura com segurança. Se isto não é fantasia, não sei o que o é.

A culpa pela radicalização palestina é exclusivamente de Abbas e do resto da Autoridade Palestina. Se você promove boicotes contra Israel, espere ser atacado quando você quebra o boicote e aperta a mão de um israelense, vivo ou morto. Os protestos irão acalmar, mas os protestos mandam uma mensagem clara à futuros líderes palestinos: Não à paz com Israel, não em nossos dias, não em qualquer dia”.

Como disse Caroline Glick em sua opinião da semana passada, é realmente irônico que um novo Oriente Médio esteja surgindo justo quando Shimon Perez - o visionário falho de uma fantasia  de um novo Oriente Médio – é enterrado. Para sobreviver neste Oriente Médio, Israel deve enterrar não só o corpo de Peres, mas sua visão fantasiosa que a paz pode ser construída com o apaziguamento dos inimigos e sobre as mentiras e fabricações que eles contam. Todos nós podemos sonhar com a paz, mas líderes que detêm as vidas dos cidadãos em suas mãos não podem ter sonhos que não sejam firmemente embasados na realidade. Faze-lo é o que levou às milhares de mortes de inocentes desde Oslo. Faze-lo é o que está levando à destruição completa da Síria. 

Tudo muito longe da paz.

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