Sunday, December 25, 2016

A Resolução do Adeus de Obama - 25/12/16

Há alguns meses, quando comentava neste programa sobre o enorme pacote de ajuda americana, avisei que Israel iria pagar caro por ele. Na ocasião, meu receio era que Obama iria reconhecer o estado palestino na Assembleia Geral da ONU em setembro.

A Assembleia Geral ocorreu e Obama nada fez. Ele mal falou sobre Israel em seu discurso, provavelmente se calando para não prejudicar as chances de Hillary Clinton nas eleições em novembro. Mas após Hillary ter perdido, Obama decidiu usar este último mês na presidência para finalmente extravasar seu antissemitismo e anti-israelismo sem nada que o contenha.

No começo de dezembro, Obama convidou o representante palestino Saeb Erekat junto com um representante egípcio para uma reunião final antes de sair da Casa Branca. Aproveitando a posição do Egito como membro não permanente no Conselho de Segurança, Obama compôs os termos de uma resolução que, contra toda a base legal em direito internacional, iria finalmente declarar os assentamentos israelenses na Judeia e Samaria ilegais, não apenas ilegítimos aos olhos da comunidade internacional mas ilegais.

Vamos voltar um pouco na história. Logo após a Segunda Guerra Mundial, a Cruz Vermelha - que até então era somente uma organização suíça de assistência- submeteu os termos das Convenções de Genebra para proteger populações civis em caso de guerra. 

A Quarta Convenção de Genebra em particular, proíbe a transferência de populações em territórios ocupados. Isto é, proíbe o que a China fez no Tibete, de arrancar tibetanos e assenta-los na China e transferir chineses para o Tibete. Mas nada na Convenção proíbe que pessoas privadas adquiram propriedades no território ocupado e morem lá. Muitos turcos, por exemplo, adquiriram propriedades e moram no norte de Chipre, ocupado pela Turquia. A China e a Turquia nunca foram condenadas.

Depois de 1967, judeus decidiram retornar para os locais de onde haviam sido expulsos apenas 18 anos antes, em 1949. Estes judeus reconstruíram as comunidades de Gush Etzion, Hebron, e outras. Isso, e o fato de nunca ter havido um estado palestino na região, fazia que os assentamentos não fossem ilegais. Até agora.

Os judeus não são chineses ou turcos. Eles viveram por três mil anos ininterruptamente nesta terra que leva seu nome: Judeia. Foram expulsos por 18 anos e quando voltaram foram rotulados de colonos! Isto porque o mundo colocou na cabeça que a única solução para o conflito entre Israel e os árabes é a criação de mais um estado árabe terrorista. Nenhum destes imbecis, que recusa ver a realidade, traz o fato de Israel, incluindo a Judeia e Samaria, ser menor que o Estado de Sergipe. Que de vários pontos em Jerusalem, um pode ver Tel Aviv e o Mediterrâneo de um lado e ao se virar, verá a Jordânia. Tudo a olho nú. Isto não seria problemático se Israel tivesse o Canadá ou a Austrália como vizinhos. Mas este não é o caso. Nenhum destes países admite que já como está, Israel não tem profundidade territorial estratégica para se defender.

Esta resolução, patrocinada pelo Egito, tinha que ser votada na quinta-feira, mas o Egito a retirou, depois de Donald Trump ter ligado para o presidente al-Sissi e pedido para esperar até ele ser empossado em Janeiro para conversarem. Obama ficou furioso e resolveu mostrar que ele ainda é o presidente.

Obama então contatou outros membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a resolução foi re-submetida ao voto na sexta-feira à noite com patrocínio do Senegal, Nova Zelândia, Malásia e Venezuela, quando todos já deveriam estar de férias de Natal. E desta vez, diferentemente de outras resoluções, os Estados Unidos não a vetou, mas se absteve. O presidente da Ucrânia, que havia indicado que também iria se abster, recebeu um telefonema do vice-presidente americano Joe Biden que , foi pressionado durante horas. Obama queria uma votação unânime, somente os Estados Unidos se abstendo.

Com isso, hoje as comunidades judaicas além da linha verde foram da noite para o dia, literalmente, tornadas ilegais pela comunidade internacional.

A resolução é muito problemática e perigosa. Ela abre o caminho para sanções, boicotes e o arrolamento dos moradores judeus nestas áreas como criminosos de guerra. A resolução também não leva em conta que ao colocar tudo além da linha verde na ilegalidade, ela exige a saída dos judeus da cidade velha de Jerusalem, do Muro das Lamentações e de todos os outros locais judaicos sagrados como o túmulo de Raquel e dos Patriarcas. Ela coloca na ilegalidade quase meio milhão de israelenses que moram nos bairros ao norte, leste e sul de Jerusalem e outro meio milhão que vivem na Judeia e Samaria.

O outro lado da moeda desta resolução é que ela retira qualquer incentivo dos palestinos sentarem na mesa de negociação. Na sexta-feira eles conseguiram absolutamente TUDO, sem fazerem QUALQUER concessão, nem mesmo cessar a incitação e ataques terroristas. De fato, qualquer ataque a assentamentos e a judeus além da linha verde, de ontem em diante será visto como legitima defesa dos palestinos. Na prática, esta resolução revogou os acordos de Oslo que haviam estabelecido que o status das comunidades judaicas e Jerusalem deveriam ser negociadas entre as partes.

Esta resolução hipócrita é o troco pessoal de Obama para Netanyahu. Um assistente de Bibi uma vez me disse que a aversão de Obama pelo primeiro ministro era tão patente que chegava a ser física. Agora que Hillary perdeu a eleição, Obama sabe que a maioria de seu legado imposto através de ordens executivas, será desmantelada por Trump. Mas uma resolução como esta aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU será impossível revogar.

A arrogância e a hipocrisia deste homem não tem limites.  Ele está fazendo tudo para minar a presidência de Trump. Sinceramente, em 30 anos de América, nunca tive tanta vergonha deste país e de me dizer cidadã.

E o que fazer agora?

Por um lado, Trump pode dar o troco e imediatamente transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalem. Trump também pode suspender a ajuda americana para a UNRWA a agência de refugiados exclusiva dos palestinos que não faz nada a não ser promover o terrorismo. Ele também pode tentar negociar com estes ou os próximos membros do Conselho de Segurança para revogar esta resolução algo nunca feito antes. No limite ele pode se recusar a continuar a financiar a ONU que depende da América em nada menos que 25% de seu orçamento anual.

Bibi por seu lado, já começou a tomar passos importantes chamando de volta os embaixadores israelenses na Nova Zelândia e no Senegal e cancelando os programas de ajuda, especialmente em agricultura, que Israel patrocina no país africano. Ele também cancelou a ajuda monetária de milhões de shekels a agências da ONU que mantêm presença em Israel, trabalhando contra o país.

Mas Bibi pode ir mais além. Já que a comunidade internacional estabeleceu as fronteiras como a linha verde de 1949 sem consultar Israel, Israel pode agora aproveitar esta oportunidade e anexar a área C e as comunidades judaicas na Judeia e Samaria ao Estado de Israel. O resto, Israel deverá se separar completamente dos palestinos, cancelando vistos de trabalho, transferência de doentes para hospitais israelenses para serem tratados de graça e cancelar o fornecimento de água e eletricidade aos palestinos sem receber pagamento durante por anos.

Parece até um presságio que esta votação tenha ocorrido na véspera do festival das luzes, da festa que Israel comemora a vitória contra os gregos e a re-dedicação do Templo em Jerusalém. Dizem que a parte mais escura da noite é antes da aurora. Que esta mostra vergonhosa, desonesta, infame e indigna dos países civilizados se torne na faísca que desencadeie a luz e a redenção para Israel e o povo judeu.




2 comments:

  1. Excelente, Deborah! Seus comentários são sempre muitíssimos elucidativos, nos trazendo informações e críticas que contribuem em muito para enriquecer nossa fé. Concito q continues a dedicar teu conhecimento privilegiado conosco. Forte abraço a você e ao Shlomo (sim Israel/2013)

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  2. Excelente, Deborah! Seus comentários são sempre muitíssimos elucidativos, nos trazendo informações e críticas que contribuem em muito para enriquecer nossa fé. Concito q continues a dedicar teu conhecimento privilegiado conosco. Forte abraço a você e ao Shlomo (sim Israel/2013)

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