Thursday, May 18, 2017

A Verdadeira Face da Jordânia - 14/05/2017

No último sábado à noite um turista Jordaniano esfaqueou e feriu um policial israelense na cidade velha de Jerusalem. O policial, mesmo ferido, conseguiu sacar sua arma e matou o agressor.
Em resposta ao incidente, o governo da Jordânia emitiu uma declaração furiosa condenando Israel dizendo que “o Governo de Israel que é a força de ocupação, é responsável pela morte de um cidadão jordaniano no leste de Jerusalem... Condenamos duramente este crime desprezível que foi cometido contra um cidadão jordaniano, e exigimos que Israel forneça todos os detalhes sobre o incidente”.
O ataque de ontem é claramente parte desta última onda de terrorismo que começou em setembro de 2015 e que até agora custou a vida de 244 palestinos envolvidos em esfaqueamentos, atropelamentos, apedrejamentos e tiroteios. Trinta e sete israelenses, dois turistas americanos e uma estudante inglesa foram mortos nestes incidentes. Uma onda que Mahmoud Abbas, presidente dos palestinos, chama de uma insurreição pacífica!
Israel assinou um tratado de paz com a Jordânia há 23 anos.  E seu povo odeia Israel e os judeus até mais do que os iranianos. De vez em quando, os jordanianos têm a oportunidade de expressar como se sentem em relação a Israel, e a coisa é feia.
Em março de 1997, três anos após a assinatura do tratado de paz, meninas da 7ª e 8ª série de uma escola de Beit Shemesh foram ao vale do Jordão para um passeio. O ponto alto da viagem era uma visita à chamada “Ilha da Paz”. A área fica próxima à estação de eletricidade de Naharayim, que inclui terras que Israel cedeu para a Jordânia no acordo de paz, mas que Israel alugou da Jordânia para continuar o cultivo de agricultores judeus que haviam comprado estas terras várias décadas antes.
A transferência formal da soberania por Israel e o reconhecimento pela Jordânia do direito dos judeus àquela área eram prova de que o acordo de paz ia além do pedaço de papel em que foi escrito.  Nesta área da Ilha da Paz, tínhamos finalmente concretizado o fim das hostilidades entre Israel e a Jordânia.  
Mas justo ao descerem do ônibus, um soldado jordaniano designado a proteger visitantes, pegou sua M-16 e atirou contra as meninas matando sete e ferindo outras seis. A ilusão da Ilha da Paz tinha chegado a um fim brutal. Estando em território jordaniano não havia ninguém para proteger as meninas. O soldado teria matado todas se sua arma não tivesse emperrado.
Nos dias subsequentes, Israel viu as duas caras da Jordânia e com elas, a verdadeira natureza da paz que tinha alcançado.
De um lado, num gesto de inédita humildade. O próprio Rei Hussein foi a Israel para prestar suas condolências a cada uma das famílias das sete meninas. Ele se curvou aos pais e pediu perdão. Mas na Jordânia, os cidadãos comemoraram o massacre e seu perpetrador Ahmed Daqamseh, promovido a herói nacional.  
O judiciário jordaniano fez de tudo para não tratar Daqamseh como homicida. Em vez de receber a pena de morte por seu crime – que teria sido o normal se as vítimas não fossem meninas judias – os juízes o declararam louco e o sentenciaram à prisão perpétua. Pela lei jordaniana esta sentença se traduziu em 20 anos de detenção. Em outras palavras, o assassino recebeu menos de três anos por cada menina que matou e nada por aquelas que ele feriu.
Insatisfeitos com a sentença, no entanto, o publico jordaniano repetidamente exigiu sua libertação. Em 2011, o então ministro da Justiça Hussein Majali chamou Daqamseh de herói. Em 2014 a maioria do parlamento jordaniano votou para solta-lo.  Em março deste ano, com sua sentença cumprida, Daqamseh foi solto. Ele foi recebido em sua cidade com comemorações dignas de qualquer celebridade.
Daqamseh, o suposto louco, nunca expressou arrependimento. O oposto. Em sua primeira entrevista para a Al-Jazeera no dia seguinte à sua libertação, ele declarou que a “normalização com os sionistas é uma mentira”; que “os israelenses são dejetos humanos que o mundo vomitou aos pés dos árabes”; que “Israel deveria ser eliminada por fogo ou enterrada e se isto não fosse alcançado por suas mãos, então a tarefa deveria ser passada para a próxima geração para queimar o lixo”.
A situação atual da Jordânia é bem preocupante. E apesar de toda a ajuda econômica e estratégica que recebe, o reinado está à beira da falência econômica e social. O desemprego, oficialmente em 14%, de fato está em torno de 38%. É um dos países do mundo mais pobres em água e depende de exportações de Israel para sobreviver. Jordanianos que vivem no exterior mantêm mais de 350 mil famílias com suas remessas de dinheiro.
Desde 2003 a Jordânia absorveu um milhão de refugiados do Iraque e outro milhão da Síria. Refugiados que, em caso de um golpe ou guerra civil na Jordânia, inundariam a Europa. Para Israel, a Jordânia é imprescindível como zona amortecedora entre seu território e o Iraque e a Síria, ambos controlados pelo Irã.
A Irmandade Islâmica é a segunda força política do país. Apesar dos jordanianos terem ficado revoltados com a execução do seu piloto em 2015, queimado vivo pelo Estado Islâmico, mais de dois mil jordanianos se juntou ao grupo e contam com milhares de simpatizantes no país.
A Jordânia é um exemplo do perigo de assistência financeira sem restrições. A cada ano, os Estados Unidos fornecem à Amã mais e mais ajuda civil e militar para manter o regime. E a cada ano, vozes como as de Daqamseh aumentam em número e volume.  A Jordânia também mostra que o conceito de paz entre Israel e seus vizinhos árabes tem um valor limitado. A paz com o Egito é na melhor das hipóteses fria e com a Jordânia, é gélida.
Enquanto o coração e mentes dos árabes continuarem a ser alimentados por conspirações e teorias nefastas sobre os judeus e inspirados por jihad e destruição, que tornam um assassino de meninas inocentes em herói, a noção de que uma paz genuína possa ser alcançada é irracional e irresponsável.
Israel está hoje enfrentando uma situação bastante complicada em sua fronteira norte com a guerra civil na Síria. Ela não quer o mesmo em sua fronteira leste com a Jordânia. Mas Israel não pode apenas fingir que isto não irá acontecer e tem que planejar para esta eventualidade.
Depois do massacre de 1997, os pais das meninas mortas e o público perguntaram por que a escola não tinha levado guardas à paisana para a Ilha da Paz para protegê-las? Uma pergunta razoável. Daqamseh pôde matar as meninas porque Israel baixou a guarda. E o único jeito de evitar que isto aconteça novamente é reforçar o controle de sua fronteira leste.
Vinte e três anos após o acordo de paz, nada mudou na Jordânia. Nenhum coração e nenhuma mente foi convencida a aceitar Israel. O acordo de paz não protegeu as meninas em 97 ou o policial ontem. A única coisa que protege Israel e seus cidadãos é sua capacidade e disposição de usar os recursos que tem para se defender dos que seguem repletos de ódio apesar dos tratados de paz assinados.


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