Esta foi realmente uma semana
muito interessante. Tirando o pesadelo do transito em Nova Iorque durante esta
época, com a abertura da Assembleia Geral da ONU, vimos trocas de insultos
inusitadas neste fórum sempre tão bem educado e diplomático. Donald Trump deu
uma guinada de 180 graus sobre seus antecessores, especialmente Obama e
esclareceu de uma vez por todas qual é a sua doutrina: É a América primeiro mas
não a América isolada.
Trump não mediu as palavras
para avisar os países que ameaçam a paz mundial, que ele irá atrás deles se forem
hostis com os Estados Unidos ou seus aliados. Especificamente Trump avisou Kim
Jon-Un, chamando outra vez o tiraninho assassino de “rocket man”, dizendo que
ele está “numa missão suicida dele próprio e de seu regime”; que se ele se
aventurasse contra a ilha de Guam, a costa oeste americana, a Coreia do Sul ou
outro aliado americano, ele destruiria totalmente a Coreia do Norte.
Indiretamente ele mandou uma mensagem para a China, dizendo que se ela não
domasse seu cachorro raivoso, ele o faria.
Trump foi também claro com o
Irã avisando seu governo para “parar de patrocinar terroristas, começar a
servir seu próprio povo, e respeitar os direitos de soberania de seus vizinhos”.
Chamou o governo iraniano de ditadura escondida atrás de uma máscara de
democracia que transformou um país rico em história e cultura num fora-da-lei,
economicamente vazio que tem como exportação principal o terrorismo, violência,
derramamento de sangue e o caos. Trump disse que em vez de canalizar a riqueza
dos recursos naturais de seu país em beneficio do povo, o Irã manda milhões de
dólares para o grupo terrorista Hezbollah no Líbano, os Houthis no Iêmen e
Bashar al-Assad na Síria. Isto tudo e ainda promove o assassinato em massa
prometendo morte para a América e para Israel. Como não poderia deixar de ser, Trump
criticou o acordo nuclear negociado por Obama, como uma das “piores transações
que ele já viu, totalmente unilateral” e “uma vergonha”.
Em boa forma, Trump falou o que ele pensa.
Em resposta, o próprio Kim
Jon-Um enviou uma mensagem a Trump, lida por seu marionete na ONU. A resposta
foi patética e infantil. Não fosse a seriedade da situação, seria hilária. O
pior que o liderzinho foi capaz foi dizer que “o cachorro assustado é o que
late mais alto”. E que Trump é um louco e um herege da política. Kim Jon-Um tentou
denigrir Trump como um velho que não escuta bem e diz o que lhe sai na hora.
Eu me senti de volta na 5ª série...
Na troca de “elogios”, o Ministro
do Exterior do Irã Javad Zarif não quis ficar para trás e disse que o discurso
de Trump pertencia à Idade Média. Esta resposta não foi muito diplomática tendo
em vista que Trump tem que re-certificar o acordo nuclear com o Irã no próximo
dia 15 de outubro.
Bibi Netanyahu por seu lado
aplaudiu o discurso de Trump e a novidade foi que pela primeira vez, um número de
representantes de países árabes decidiriam ficar para ouvi-lo. Vimos na
audiência representantes do Kuwait, Arabia Saudita, Bahrain e Emirados Árabes.
De fato, o emir de Bahrain declarou esta semana que achava o boicote a Israel
uma idiotice e autorizou seus cidadãos a visitarem o Estado judeu. Em vez de
uma mensagem negativa, Bibi trouxe as últimas conquistas em tecnologia de
Israel e a aproximação de seu país com a comunidade internacional.
Ares de mudança.
Menos para o líder da
Autoridade Palestina Mahmoud Abbas. Seu discurso foi infeliz, um resumo das
alegações mentirosas do passado com exigências absurdas que mais parecem para
consumo interno do que para o mundo.
Como disse na semana passada, a antecipação da mídia para seu discurso estava
fora de lugar.
Abbas repetiu que Israel é uma
força colonial de ocupação brutal que já dura mais de meio século descrevendo a
criação do estado judeu em 1948 como “catástrofe”. Ele voltou a exigir
desculpas e vejam só, reparações da Inglaterra pela declaração Balfour de 1917.
Não importa que a Inglaterra não tenha cumprido com o prometido naquela
declaração. Para Abbas ela é o suficiente para arrancar mais dinheiro do
Ocidente para alimentar sua máquina de corrupção. Ele disse que a declaração
Balfour foi uma grave injustiça porque prometeu um lar nacional para os judeus
na Palestina, quando, segundo ele, a Palestina já era habitada por palestinos e
... pasmem “ era um dos países mais progressistas e prósperos e não poderia ter
sido colonizado ou sujeito a um mandato”.
Esta total distorção da
história só pode vir de alguém completamente desesperado com sua repentina irrelevância
no cenário mundial. A causa palestina já não está na lista nem dos cinquenta
problemas mais prementes do mundo. Hoje pela manhã, o jornalista palestino
Khaled Abu Toameh twitou que 3557 palestinos foram mortos na Síria, mais de
1637 presos e 304 desaparecidos. Nem uma pequena palavra de Abbas em defesa de
seus conterrâneos que para ele funcionam apenas como peões em seu jogo de
corrupção e poder.
Alguém deveria rever estes
discursos na ONU e não permitir a propagação de falsidades históricas como os
palestinos terem um “país” em 1917. Nunca houve na história da humanidade uma
entidade governamental independente e soberana na Terra Santa, que não fosse um
governo judeu. Primeiro com os reis David e Salomão e depois da destruição do
primeiro Templo, com Nehemias até a destruição por Roma e finalmente com a
recriação do Estado de Israel em 1948.
Abbas teve ainda a coragem de
dizer que a solução de dois estados estava em perigo se Israel não aceitasse
todas as suas imposições e neste caso, Israel teria que dar aos árabes da
Judeia, Samaria e Gaza, o direito de voto nas eleições israelenses ou ser
chamada de apartheid. Interessante porque ele já usa esta descrição para
Israel, então não haveria muita mudança aí.
Abbas terminou colocando dez pontos para a comunidade internacional
adotar. Sem debate, sem discussão: forçar Israel a evacuar centenas de milhares
de judeus da Judeia, Samaria e Jerusalem, proteger a população palestina,
determinar que a linha de armistício de 1948 seja declarada como fronteira do
Estado Palestino, adotar o boicote econômico de Israel, reconhecimento geral do
Estado da Palestina, e finalmente, vejam só, para que a comunidade
internacional continue a financiar e fornecer apoio econômico ao povo palestino
inclusive através da UNRWA, fazendo uma grande ameaça se isso fosse de qualquer
modo mudado. Ainda, Abbas ameaçou caso houvesse mudança na
agenda numero 7 da ONU que visa exclusivamente Israel. Só isso. Ele continua a
querer tudo sem conceder nada.
Os palestinos estão a cargo de seu próprio governo desde o começo da
implantação dos Acordos de Oslo em 1994. E depois de 23 anos, além de
intifadas, incitação, torturas, pobreza, não podem mostrar qualquer conquista
positiva. A aproximação esta semana entre Abbas e o Hamas deve piorar ainda esta
situação. Acho que os palestinos e o mundo estão prontos para começar a pensar
numa era pós-Mahmoud Abbas. Cabe a Israel agarrar este momento e começar
discussões positivas com possíveis sucessores. Não faze-lo será um tremendo
erro, que continuará a expor Israel a mais
violência.