Sunday, October 1, 2017

A Era dos Movimentos Nacionalistas - 01/10/2017

Hoje a polícia de Madrid, posicionada perto de Barcelona, caiu sobre a população da Catalunha não para protegê-los de alguma ameaça, mas impedi-los de simplesmente votar. As imagens que vimos pela manhã foram verdadeiramente vergonhosas. A polícia quebrando portas de escolas e ginásios, confiscando urnas e material eleitoral, fazendo cordões de força impedindo as pessoas de votar.

Até o século 12 a Catalunha era uma região separada, com uma população distinta, e uma língua muito diferente do espanhol e de fato, mais próxima do francês. No século 12 o Conde de Barcelona se casou com a filha do rei de Aragão e formaram uma confederação que atravessava os Pireneus e chegava até Marselha na França. No século 15 os reis católicos Ferdinando e Isabella uniram à força todas as regiões da Espanha, mas no século 19 a Catalunha foi anexada ao Império francês por Napoleão. Em 1932 os catalães finalmente conseguiram sua autonomia política somente para perdê-la sete anos mais tarde com a ocupação do ditador Francisco Franco.

A Catalunha não está só. Desde o século 19 praticamente todas as regiões da Espanha têm buscado alguma forma de independência. Hoje há movimentos nacionalistas nas regiões de Castela, Aragão, Murcia, Astúrias, Andaluzia, Galícia, Leão, Valencia e é claro, o país Basco que atormentou Madrid por décadas com o grupo terrorista ETA.

Madrid diz que não tem outra escolha a não ser confiscar as urnas já que este referendo de independência é, de acordo com o governo central, inconstitucional. Mas as imagens feias da violência policial reflete a quebra na fibra social espanhola e escancara o total fracasso dos políticos. Num dia de expressão democrática, numa região que tem seu presidente, seu parlamento e instituições democráticas, não cabe a qualquer outro governo interferir. Desde quando no primeiro mundo quando o povo quer votar se usa a força? Viva a democradura espanhola e europeia!

Nesta semana vimos outro referendo. O dos curdos no norte do Iraque que votaram por criar seu estado independente. E não há povo no mundo que mereça um país hoje mais que os curdos. São mais de 20 milhões numa só região que foi injustamente dividida entre o Iraque, o Irã, a Síria e a Turquia pelas forças coloniais. A reação a este referendo foi visceral. Erdogan, o presidente turco, prometeu retaliar contra os curdos do Iraque porque morre de medo que seus curdos, que reclamam sua independência há décadas, se fortaleçam com esta vitória. Os curdos no Irã já mostram sinais similares.

Parece que o mundo está numa onda de revolta contra a ideologia de esquerda, multiculturalista e de globalização que só trouxe insegurança, violência e pobreza por onde passou. Hoje há literalmente milhares de movimentos de independência e partidos nacionalistas reagindo à falta de fronteiras, de identidade nacional e de imigração descontrolada. E a reação dos poderes atuais tem sido nada menos que histérica e repressora.  Somente na Europa, de direita na França, Holanda, Bélgica e choque! Depois de 70 anos, também na Alemanha! Nos Estados Unidos, Donald Trump ganhou a presidência prometendo colocar os interesses da América primeiro.

A ideologia que até hoje permeou a América do Norte e Europa, prega que todas as pessoas são iguais, que todas querem a mesma coisa e que todo o mundo tem os mesmos valores. A ilusão humanística que todo o mundo é como eu. A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi um reflexo desta ideologia criada como reação à supremacia racial nazista. Mas a Arábia Saudita, por exemplo, se absteve de ratificar a Declaração dizendo que a liberdade de religião era contra o islamismo, e que direitos humanos garantidos pela lei islâmica eram superiores aos descritos na Declaração Universal de Direitos Humanos.

Em 1984, o Irã declarou que a Declaração Universal conflitava com a Shaaria e em 2000 a Organização da Conferência Islâmica apoiou uma Declaração alternativa que garantia a dignidade de vida de acordo com a Shaaria. Só que esta declaração excluiu, por exemplo, as liberdades de expressão, de religião, de casamento e outras.

O Ocidente, no entanto, continuou a avançar o multiculturalismo dizendo que todos os modos de vida são igualmente válidos e assim permitiu a criação de cortes islâmicas paralelas, sistemas educacionais paralelos dificultando enormemente a integração dos imigrantes.

O Ocidente partiu para celebrar a diversidade negando as diferenças que chegam a ser muito profundas. Se terroristas atacam em nome do jihad logo ouvimos que não tiveram oportunidades de sucesso, ou se ele for imigrante, deve ter sofrido islamofobia. Assim, de acordo com a ilusão humanista, terroristas violentos são desesperados porque não obtiveram as “coisas” que nós temos.

Mas pessoas de outras culturas nos dizem repetidamente que elas veem o mundo de modo distinto do Ocidente. Hamas repete a cada oportunidade que eles amam a morte enquanto os judeus amam a vida. Os Jihadistas amam a morte porque acreditam que ao morrer terão 72 virgens no céu e gloria na terra.

Cansamos de ouvir que os palestinos e israelenses tem que fazer a paz. Mas é isto mesmo que os palestinos querem? Os palestinos já recusaram oito ofertas de um estado.

Em 1937, a Comissão Peel propôs a partilha rejeitada pelos árabes e levou ao massacre de judeus em Tiberias. Em 1947, a ONU votou a partilha, rejeitada por todos os árabes. Entre 1948 e 1967 a Judeia, Samaria e Gaza estavam nas mãos da Jordânia e Egito, mas em vez de pedir independência, Arafat explicitamente excluiu estas áreas das reivindicações palestinas. Em 1979, nas negociações de paz entre Israel e Egito, foi oferecida a autonomia aos palestinos para evolver em independência, também rejeitada. Em 1993 os acordos de Oslo estabeleceram o caminho para a independência palestina, descarrilhada pelas ondas de terrorismo.

Em 2000 Ehud Barak ofereceu retirar Israel de 100% de Gaza e 97% da Judeia e Samaria para a criação da Palestina, outra vez rejeitada por Arafat que deslanchou a segunda intifada com mais de mil israelenses mortos. Em 2005, Israel retirou os judeus de Gaza para dar a oportunidade para os palestinos criarem um estado. Em vez disso o Hamas tomou o poder na Faixa e até hoje aterroriza Israel com tuneis e misseis.

Em 2008 Ehud Olmert ofereceu aos palestinos 98% da Judeia e Samaria e 2% de território Israelense. Ofereceu dividir Jerusalem entregando todos os lugares sagrados, incluindo o Muro das Lamentações aos palestinos. Oferta também rejeitada.  E por quê?

Porque os palestinos acreditam que a “injustiça” que eles sofreram só poderá ser corrigida com a destruição de Israel e sua substituição por um estado muçulmano palestino. Isto está declarado na Constituição da OLP, do Hamas e em todos os mapas oficiais da Autoridade Palestina. E apesar do mundo acreditar que cada país deve respeitar o outro, isto não deteve a Rússia de invadir a Ucrânia, da China de se apossar do Mar do Sul da China, do Irã de se estabelecer no Iraque, no Iêmen e na Síria, e de continuar a ameaçar os Estados Unidos e Israel.

Assim, parece que a paz e estabilidade, respeito ao outro como igual não é o que os outros procuram. Se alguém pensar realmente que todos são iguais chegou a hora de repensar esta premissa. Não o fazer será perpetuar e exacerbar as diferenças que só geram desconfiança e violência. Exatamente o que o mundo está vivendo agora.


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