As 04h25min da manhã de sábado,
as forças iranianas na Síria lançaram um drone para dentro do território
israelense via a Jordânia.
Israel, que vinha monitorando
o drone deste sua partida, enviou jatos de sua força aérea para abatê-lo assim
que atravessasse seu espaço aéreo, o que ocorreu perto de Beit Shean. Em
resposta ao drone, Israel atacou 12 alvos na Síria inclusive três baterias antiaéreas
e quatro alvos iranianos.
De acordo com a mídia síria,
Israel atingiu a base aérea de Abu Al-Thaaleb usada pelos militares iranianos como
parte do seu plano de expansão para criar um corredor xiita de Teerã até o Mediterrâneo.
Alarmes soaram durante a manhã
em todo o norte de Israel porque os sírios começaram a enviar mísseis para
abater os jatos israelenses decidindo interferir na batalha de Israel contra a
presença e atividades iranianas no país.
Um destes mísseis atingiu um jato
israelense, mas os pilotos conseguiram ejetar em tempo.
Tensões na fronteira norte de
Israel têm escalado nos últimos meses com o entrincheiramento cada vez maior do
Irã na Síria e Líbano, e em especial na fronteira com Israel. O contrabando de
armas sofisticadas e a instalação de uma fábrica de mísseis de precisão no
Líbano pela Hezbollah são exemplos do que preocupa Jerusalem.
O Irã, como sempre, disse que
Israel mente e que o drone não é iraniano, mas o exército já soltou as fotos
dos restos do drone provando a sua origem. Pior ainda, foi o fato de o drone
ser quase cópia de um drone americano capturado pelo Irã em 2011 no Iraque.
Na Síria, apesar de
reportagens sobre danos extensivos por Israel houve muita comemoração com
distribuição de doces nas ruas, Bashar Assad hoje é visto como herói. Mas ele
sabe o que sofreu. Da janela de seu palácio presidencial ele pode ver o estrago
ao aeroporto militar de Mezze que Israel destruiu em Janeiro.
Tudo leva a crer que o Irã
decidiu tomar uma ação aberta contra Israel, talvez para testar sua
determinação em responder ou talvez como uma armadilha para justamente tentar
abater um caça israelense e clamar vitória.
Mas a verdade é que a situação
é bem mais complicada.
Hoje a Síria é um microcosmo
da luta entre as potencias que pegaram a sua guerra civil como tabuleiro para
um quebra-braço.
A Rússia quer proteger sua relação
com Assad e suas bases na Síria. O Ministro da Defesa russo Sergey Shoigu anunciou
em dezembro a renovação do aluguel das duas bases permanentes no país em Tartus
e Hmeimim por mais 49 anos. A Rússia pretende expandir estas bases para manter
11 navios de guerra inclusive navios nucleares no Mediterrâneo, frontalmente
ameaçando a Europa e os países da OTAN.
Se por um lado a Rússia não
tem interesse em que a Síria entre em uma guerra aberta com Israel, economicamente
ela está na dependência do Irã, especialmente depois do acordo nuclear assinado
por Obama, que liberou bilhões de dólares para os aiatolás gastarem com armas e
sistemas de defesa russos.
Bashar al-Assad por seu lado,
ao convidar a Rússia e o Irã a se instalarem no país, está tentando assegurar
sua permanência no poder e assistência para combater os rebeldes sunitas.
Os Estados Unidos, estão presentes
na Síria, sob protesto do governo, para supostamente combater o Estado Islâmico
e Al-Qaeda. Mas seu proposito real hoje é o de conter a influência iraniana e
ajudar a acabar com a guerra civil. O secretário de Estado americano, Rex
Tillerson disse que não vai repetir os erros de Obama que em 2011 retirou todas
as tropas do Iraque.
E aí temos o Irã. Amanhã, dia
12 de fevereiro, será o aniversário de 10 anos da morte de Imad Mughniah o
legendário comandante da Hezbollah que até hoje o Irã não conseguiu substituir
ou vingar. Ele teria sido morto por uma bomba supostamente plantada por Israel
no seu carro. Mughnieh foi o planejador
do ataque contra os marinheiros americanos em Beirute em 1983, contra a
embaixada israelense em 1992 e o Centro Comunitário Judaico em 1994 ambos em Buenos
Aires.
Até hoje a guerra entre Israel
e o Irã tem sido travada por atrás da cena. Mas ontem, vimos uma confrontação
direta entre os dois. A infiltração e interceptação do drone iraniano dentro do
território israelense e o abatimento do jato de Israel de um lado e a
retaliação contra alvos sírios e iranianos que se seguiu de outro, são só a
abertura do que pode se tornar um conflito maior se o Irã continuar tentando
fortalecer sua presença na Síria.
Não sabemos ainda quais lições
o Irã levou desta experiência. Ele pode contar com um drone e um jato abatidos,
mas por outro lado causou o maior bombardeamento da Síria desde que Israel
destruiu sua força aérea em 1982.
A retaliação de Israel foi
importante por duas razões: a primeira é que era preciso neutralizar as
baterias antiaéreas sírias e a segunda, punir o Irã ao destruir o centro de
controle de onde operavam os drones e outras bases iranianas na Síria.
No final das contas, Israel
ainda está na frente. Em cinco anos de guerra civil, Israel completou mais de
100 operações militares na Síria e o Irã sabe disto. E estas operações somente
aconteceram por causa da indiferença da Rússia. Mas tudo isso pode mudar
dependendo dos interesses de Vladimir Putin que segue vendo esta região do
Oriente Médio como parte de seu feudo.
Até agora temos provado o que
é ter a Rússia como vizinha de Israel. O gosto será bem mais amargo se no
futuro tivermos o Irã como senhor da Síria.
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