A cidade de Cape Town
na África do Sul designou o dia 9 de Julho próximo como “Dia Zero”. Esse é o
dia em que as torneiras de água na cidade secarão, marcando a culminação de
três anos de seca. É claro que a falta de chuva não é a culpa dos sul-africanos,
mas a inépcia dos governantes e uma devoção irracional à ideologia anti-Israel
causaram uma situação totalmente previsível e no final, como sempre, quem
pagará o pato será o povo.
Em fevereiro de 2016,
há apenas dois anos, o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções contra
Israel comemorou a decisão do governo sul-africano de cancelar uma conferencia
sobre a crise de água que deveria acontecer em Johannesburgo naquele ano. O porta-voz
do movimento BDS da África do Sul disse na época que estava satisfeito que “o
tapete tinha sido puxado dos pés do embaixador de Israel tirando-lhe a
oportunidade de explorar a crise de água no país em troca de uma propaganda
barata e de passar uma borracha nos abusos do seu regime.” Ele disse que a “tecnologia
de água de Israel não era singular ou especial, e que ela existia amplamente
através de outros países mais amigos”.
Pois bem, dois anos
depois, a África do Sul passa por sua maior crise de água da história. A não
ser que uma solução de ultima hora seja encontrada, a cidade de Cape Town terá
a honra dúbia de se tornar a primeira cidade desenvolvida a ficar sem água. Mas para quê aceitar ajuda de alguém que
passou por isso e tem experiência?
Antes mesmo da declaração
de sua independência em 1948 os judeus na Terra de Israel se concentraram na
segurança da água com a mesma intensidade que seu treinamento militar. A maior
parte do território de Israel é desértica e precisaria de uma grande quantidade
de água para prosperar. Através dos anos, o país desenvolveu uma forma apolítica
e completamente técnica de gerenciamento dos recursos hidráulicos.
Conservação é ensinada
no jardim de infância. O preço da água desencoraja o desperdício. O crescimento
da população, da agricultura e fábricas impulsionou a inovação. Israel ajudou a
criar a dessalinização, a irrigação por gotejamento, e o reuso de água de
esgoto tratada na agricultura. E hoje, apesar de Israel estar no quinto ano de
seca, seus cidadãos podem contar com água em abundância.
Em Cape Town a estória
foi outra. Seus reservatórios começaram a baixar há mais de dois anos. O
problema tornou-se uma crise por causa da distorção do preço subsidiado da água,
irrigação ineficiente, falta de dessalinização e de um plano de longo prazo.
Em 2016, representantes
do Ministério do Exterior de Israel reconheceram o problema e alertaram os
governos locais e nacionais da África do Sul. Naquela época Israel já havia treinado
técnicos em água em mais de 100 países, inclusive nos Estados Unidos aonde ajudara
a construir uma usina de dessalinização na cidade de Carlsbad na Califórnia.
Israel ofereceu enviar seus especialistas em dessalinização para a África do
Sul, mas foram completamente rechaçados e por razões
puramente ideológicas. A mensagem foi clara: não queremos ajuda de Jerusalem.
A liderança do Congresso
Nacional Africano que está no governo da África do Sul se alinha com a causa
palestina. Apesar de terem relações diplomáticas, a África do Sul mantem um
tratamento gélido para com Israel. O antagonismo remonta aos anos 60 quando o líder
atual dos palestinos, Mahmoud Abbas vivia em Moscou junto com os líderes
exilados do Congresso Africano. Os dois tinham apoio o apoio da União Soviética
para suas aspirações revolucionárias.
Mas pior ainda,
inexplicavelmente os sul-africanos se voltaram para quem para tentar resolver
seu problema de água??? Para o Irã!!!! Em abril de 2016, quando ainda havia
tempo para corrigir o problema, a ministra da água e saneamento Nomvula Mokonyane
viajou para Teerã! Ela trouxe de volta um memorando no qual os aiatolás se
comprometiam a desenvolver a infraestrutura aquífera do país.
De todos os países, o Irã
nunca foi conhecido por sua excelência em gerenciamento de água. Antes mesmo da
visita da ministra sul-africana, o ministro da agricultura do Irã havia
previsto que 50 milhões de iranianos (2/3 da população) teriam que ser
transferidos de suas residências por causa da falta de água. Cortes em
fornecimento também foram causa para os recentes protestos que assolaram o país.
Dois meses depois da
viajem da ministra ao Irã, Israel ainda insistiu e levou um time de
profissionais para Cape Town. Nem o prefeito, nem qualquer representante da
municipalidade os recebeu.
Se os sul-africanos
decidiram esnobar os israelenses para mostrar solidariedade com os palestinos,
deveriam considerar o seguinte: a Autoridade Palestina tem trabalhado com
Israel em vários projetos relacionados à agua, desde 1995. Israel treina
palestinos em gerenciamento hídrico, infraestrutura e segurança. Israel também
fornece à Autoridade Palestina mais da metade de seu consumo doméstico na
Judeia e Samaria. E ainda transfere mais de 2.5 bilhões de galões de agua para o
Hamas na Faixa de Gaza a cada ano.
Porque a África do Sul é
tão anti-Israel? A defesa desta posição compensa ter o melhor restaurante da
cidade usar pratos de papel para não gastar água? Ou banhos de 90 segundos?
Para o governo parece que sim.
No próximo dia 12 de
abril, os reservatórios de Cape Town descerão à 13.5%. Neste ponto a prefeita
declarará o racionamento da água e os residentes deverão ir a um dos pontos de
distribuição e coletar suas rações de 25 litros por pessoa.
Se apenas dois anos
atrás a África do Sul tivesse colocado sua ideologia vazia e antissemitismo de
lado e pensado no bem estar de sua população, poderia ter evitado a situação de
hoje. Mas em vez disso, o Congresso Africano decidiu usar este tempo para
estreitar seus laços com o Hamas e em dezembro rebaixou o status de sua
embaixada em Tel Aviv.
A África do Sul prefere
abrir seus braços para uma organização terrorista que preside sobre uma faixa
de terra povoada por dois milhões de pessoas permanentemente à beira de uma
crise humanitária (vale dizer, por causa de suas próprias políticas perniciosas)
e sofrer uma crise de falta de água do que aceitar a ajuda gratuita de Israel.
A liderança sul-africana deveria tomar decisões baseadas não em comparações
distorcidas entre o Apartheid e o conflito entre Israel e os palestinos, mas em
pragmatismo, justiça e acima de tudo, o bem-estar da população sul-africana.
Será que esta liderança
será responsabilizada por sabotar os interesses de seu povo? Espero que sim. Um
grupo de cidadãos já postou uma petição online exigindo que o Congresso
Africano aceite a ajuda israelense e pare de importar a política do Oriente
Médio para o país.
Em vez de Pretoria se
concentrar no conflito entre Israel e os palestinos e se unir a terroristas,
deveria primeiro cuidar das necessidades mais básicas de seu próprio povo. E
isto se aplica também a outros ao redor do mundo.