A pergunta nos lábios de muitos em Israel e
nos Estados Unidos hoje é se haverá uma Guerra ou não no Oriente Médio neste
verão.
Desde a criação do Estado de Israel há 70
anos, a questão sempre foi não se haveria uma Guerra, mas quando ela ocorreria.
A duvida agora é se ela será no norte contra o Irã e seus agentes - a
Hezbollah, o presidente sírio, Bashar Al Assad, e as unidades de mobilização
xiitas - ou será no sul contra o Hamas e o Jihad Islamico ou ainda, se estourar
além da linha verde com os palestinos da Judeia e Samaria.
A probabilidade de guerra no norte ficou
esta semana mais provavel com o anuncio de Donald Trump de retirada dos
soldados americanos da Síria e o fim da assistencia aos aliados que estão
lutando contra Assad. Estas decisões, se implementadas, serão entendidas pelo
Irã, Russia e Turquia, assim como por todo o mundo islamico, que a America irá
novamente abandonar o Oriente Médio. Mas sabemos que decisões como estas, tomadas
no impulso para agradar o eleitorado, têm um jeito de arrastar os Estados Unidos
novamente para a região só que em termos muito menos vantajosos.
Nesta semana, o jornal The Washington
Examiner disse que o “Presidente Trump deveria prestar atenção no que
aconteceu depois que o Presidente Obama ordenou a rápida retirada das tropas
americanas do Iraque em 2011”.
O vácuo deixado pela America na ocasião
permitiu a ascensão da influência do Irã na política do Iraque, o surgimento do
Estado Islâmico e ao final forçou Obama a mandar suas tropas de volta ao Iraque”.
Se Trump realmente retirar as forças
americanas da Síria, isto irá causar serio dano aos interesses americanos e
israelenses e aumentará as chances de Israel ser arrastada para uma guerra no
norte, na qual além de todos os atores locais, ela terá que também se
confrontar com as tropas Russas presentes na Síria.
O problema é que as forças sírias de Assad,
do Irã e da Hezbollah estão posicionadas propositalmente perto de onde as
tropas russas estão estacionadas. A morte de soldados russos se tornará
inevitável numa troca de fogo, aumentando as chances de expandir o conflito para além da região.
O jornal The New York Times por seu
lado disse que, “Israel tem pedido para a Russia garantir que os Iranianos deixarão
a Síria de vez, uma vez que a guerra civil no país terminar. Estes pedidos têm
sido respondidos com indiferença pela Russia porque ela quer uma base segura no
Oriente Médio, especialmente uma que lhe dê acesso ao Mediterraneo de onde ela
poderá ameaçar a Europa ocidental. E para tanto é de seu interesse manter boas
relações com o Irã.
Se alguém ainda duvidar, a Russia é a
potência dominante na região.”
O abatimento de um drone iraniano no espaço
aéreo israelense e do jato F-16 de Israel em fevereiro, quase causou uma guerra
generalizada. Na época, a Russia, ordenou ao primeiro-ministro Netanyahu a
baixar a arma e sabendo estar só, Netanyahu não teve alternativa e se dobrou.
Jornais ingleses como o The Guardian
previram esta semana que se o “Irã se recusar a deixar a Síria e continuar a
expandir sua presença militar e se Israel continuar com suas ações além de suas
fronteiras, haverá cedo ou tarde uma grande explosão”.
Israel sabe que a Hezbollah esconde mísseis
em cada casa no sul do Líbano.
Hoje há mais de 150 mil misseis no arsenal
da Hezbollah capazes de alcançar qualquer alvo em Israel. Isto é preocupante
porque este número é o suficiente para esgotar cada camada de defesa de Israel.
Ao sul, o Hamas em Gaza se sente acuado. A
situação economica está deteriorando por que a Autoridade Palestina decidiu
apertar a corda em torno do Hamas. Abbas só autoriza o fornecimento de 4 horas
de eletricidade por dia, e com o verão chegando, o lugar se tornará um inferno.
Isto é terra fértil para a radicalização e recrutamento de terroristas,
especialmente com um desemprego de 50%.
Há quatro anos, o Hamas estava numa
situação econômica semelhante e escolheu a guerra como forma de atrair a
simpatia da comunidade internacional e desviar a atenção dos moradores da Faixa
da sua situação. Mas com certeza o Hamas aprendeu com as últimas três guerras
contra Israel, tornando-se um inimigo mais letal. Israel não quer assumir Gaza,
tornando-se responsável por seus serviços, e teme que, se derrubar o Hamas, uma
entidade ainda pior possa emergir, ou no minimo terá que lidar com um caos
incontrolável na Faixa.
Na semana passada, o Hamas fez um teste com
sua mais nova arma: protestos em massa na fronteira, enviando sondas humanas
para a cerca de segurança, esperando que fossem mortos e provocassem as
denúncias pavlovianas de grupos anti-Israel como a Human Rights Watch (HRW),
que condenam Israel primeiro e fazem perguntas depois. A HRW preferiu não mencionar
que o Hamas enviou uma criança de sete anos como isca para atravessar a
fronteira, quebrando todos os padrões internacionais de decência. Esse teste em
andamento pode ser o ponto de partida para um verão de violência e guerra.
Na Judéia e Samaria, o presidente da
Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, está tentando mostrar que pode ser tão
anti-Israel quanto o Hamas, enquanto a batalha para sucedê-lo continua. Ele
quer definitivamente ser lembrado como líder de uma resistência que não fez as
pazes com os judeus.
A galera de supostos sucessores, do chefe
da inteligência Majid Faraj aos ex-chefes de segurança Jibril Rajoub e Mohammed
Dahlan, ao vice-presidente da Fatah, Mahmoud Aloul, também pode decidir que a
agitação e a violência neste verão podem lhes ser vantajosa.
Então haverá uma guerra neste verão?
Ninguém sabe. Mas a possibilidade de um conflito coordenado alinhando o
Hezbollah, o Hamas e o Irã, todos agindo em conjunto, apresentaria desafios sem
precedentes para Israel. Netanyahu deve estar preparado para a próxima guerra
começar a qualquer momento, e mesmo com a melhor inteligência, os eventos podem
sair do controle. E mesmo que nenhum dos adversários esteja preparado para uma
guerra total.
A melhor maneira de diminuir a chance de
guerra neste verão é a nova equipe de Trump, John Bolton e Mike Pompeo, conseguir
convencê-lo que é do interesse americano permanecer na Síria num futuro
imediato e decidir que o Irã não pode permanecer na Síria após o fim da
guerra civil.
Esta é sem dúvida a tarefa mais premente do
novo time que precisa transmitir ao presidente americano uma visão clara da
nova realidade que Israel enfrenta e que ameaça como nunca antes, a sua sobrevivência.
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